Peritos da ONU em território Sírio |
Em reunião com os membros do Conselho de Segurança, nesta segunda, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, apresenta o relatório que recebeu do líder da equipe de perícia, o sueco Ake Sellström, ainda na sexta-feira (13).
O relatório explica detalhadamente a metodologia e o cronograma da equipe, que chegou à Síria no dia 18 de agosto, para conduzir investigações sobre as alegações de uso de armas químicas contra civis. Após o convite do governo do presidente Bashar Al-Assad, a equipe negociou com as autoridades nacionais sobre a investigação, que acabou centrada na região de Ghouta (devido ao incidente posterior à sua chegada, em 21 de agosto), apesar de o governo ter denunciado episódios similares em outras regiões.
O gás sarin (um agente químico que ataca os nervos) foi usado em larga escala no incidente, conclui o relatório, com base em metodologias específicas. A equipe não tinha como objetivo, entretanto, atribuir responsabilidades pelos ataques, passo que só será possível a partir de mais análises do material coletado e mais pesquisas de campo. Além disso, o relatório assegura que as investigações sobre as outras denúncias de uso de armas químicas, feitas pelo governo sírio, continuam em curso, e a equipe voltará ao país.
A missão realizou entrevistas com testemunhas da região, documentou munições e outros subcomponentes encontrados, coletou amostras ambientais, fez uma avaliação dos sintomas dos sobreviventes e coletou amostras de cabelo, urina e sangue para mais análises. 85% das amostras de sangue, por exemplo, continham traços de sarin, de acordo com o secretário-geral da ONU.
Na apresentação do relatório, Ban saudou a iniciativa da Síria (a partir da proposta feita pela Rússia de entrega do seu arsenal químico) de assinar a Convenção sobre Armas Químicas, que prevê a destruição desses recursos.
“O secretário-geral condena nos termos mais firmes possíveis o uso das armas químicas, e acredita que este ato é um crime de guerra e grave violação do ‘Protocolo de 1925 para a Proibição do Uso de Gases Asfixiantes, Venenosos e Outros durante a Guerra”, e pede o empenho do Conselho de Segurança e da Organização para a Proibição das Armas Químicas (OPCW), de acordo com a nota de apresentação do relatório.
O documento afirma ainda que “a acessão da República Árabe Síria, em 14 de setembro de 2013, à Convenção sobre a Proibição do Desenvolvimento, Produção, Armazenamento e Uso das Armas Químicas e sobre a sua Destruição é um desenvolvimento saudado. Como depositário da Convenção, o secretário-geral saúda o acordo estabelecido [no mesmo dia] entre a Federação Russa e os Estados Unidos da América, de um quadro para a eliminação das armas químicas na República Árabe Síria”.
O acordo, proposto pelo chanceler russo, Serguei Lavrov, contou com o apoio do governo sírio, e estabelece um quadro para as negociações relativas à entrega e a destruição do arsenal químico da Síria, que tem o prazo de uma semana para elaborar uma lista dos seus armamentos e enviá-la à ONU. O governo sírio também já declarou que cumprirá as decisões da organização sobre o tema.
Na semana passada, Ban recorda, a publicação de um relatório da Comissão Internacional Independente de Investigação do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas para a Síria já havia demonstrado que graves crimes contra a humanidade e crimes de guerra estavam sendo cometidos, “mas ainda assim, o envio de armas para o país se mantém”.
“Precisamos fazer o que pudermos para trazer as partes à mesa de negociações”, reforça o secretário-geral em suas declarações à imprensa, ao fazer referência à proposta de uma conferência política internacional (“Genebra 2”), já aceita pelo governo sírio, mas rechaçada por representantes da oposição sediada no exterior, que condiciona o diálogo à demissão do presidente Assad.
Fonte: Com informações da ONU,
Moara Crivelente, da redação do Vermelho
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