31 de outubro de 2011

Do Blog do Miro: 'Repúdio ao tribunal midiático no Brasil'



Nas últimas semanas, a mídia hegemônica mostrou mais uma vez suas garras. De forma inescrupulosa, se aproveitou de denúncias vazias para governar o país no grito.

Inconformados com o fato de terem perdido nas urnas a eleição presidencial, tentam impor uma agenda negativa para a nova presidente, tendo como foco a desmoralização dos quadros políticos que ocupam seu primeiro escalão. Com muito orgulho, os barões da mídia se vangloriam de ter derrubado o 6º ministro de estado em 10 meses de governo.

O alvo da vez foi o ex-ministro do Esporte Orlando Silva. Baseados em afirmações feitas por um homem com extensa ficha corrida na justiça, acionado por ter desviado milhões dos cofres públicos e que não apresentou nenhuma prova contra o ex-ministro, a mídia criou um tribunal de exceção para julgar e condenar publicamente Orlando Silva. Num primeiro momento, a presidente Dilma Rousseff resistiu à investida da mídia, mas não suportou a pressão e cedeu à chantagem midiática.

Ao se curvar, mais uma vez, aos interesses dos grandes conglomerados de comunicação e se pautar pela efemeridade das pesquisas de opinião, a presidente Dilma cria um perigoso precedente para a democracia brasileira e uma arapuca para o seu governo.

No primeiro caso, porque qualquer pessoa pública passa a ter o ônus da prova de sua inocência, violando um princípio Constitucional, e pode ser fuzilada no paredão da sanha reacionária. No segundo, porque a mídia e a elite conservadora que ela representa se sentem fortes para continuar a investida contra o seu governo. Já há, inclusive, os que apontam os próximos alvos. Engana-se a presidente se ela acredita que adotando uma postura subserviente à mídia ela estará fora do alcance dos seus fuzis.

Nessa guerra midiática, a estratégia da mídia e das elites é desmoralizar os partidos que compõe a base do governo e seu primeiro escalão com o objetivo de enfraquecer a presidente, que pode ser o próximo alvo.

Este episódio só fortalece a necessidade de o Brasil discutir urgentemente um marco regulatório para as comunicações. A mídia ataca os que defendem a regulação porque tem o monopólio da capacidade de gerar escândalos – mesmo que a partir de fatos que não os justifiquem – ou de abafá-los, quando lhes interessa. O país não pode mais ser refém das vontades políticas das poucas famílias que controlam 80% do conteúdo dos meios de comunicação. Só por meio da regulação é possível garantir a liberdade de expressão para todos, ampliar o pluralismo e a diversidade da comunicação brasileira.

Fonte: Blog do Miro

26 de outubro de 2011

Do Vermelho: Ministro do Esporte, Orlando Silva, entrega o cargo

“Essa vai ser uma conversa rápida que estão me esperando em casa para cantar os Parabéns”, disse o ministro do Esporte, Orlando Silva, ao anunciar a sua saída do ministério, após reunião com a Presidente Dilma, nesta quarta-feira (26), no Palácio do Planalto. O aniversário a que ele se referia era o da mãe dele. Após o ministro, o presidente do PCdoB, Renato Rabelo disse que caberá à Presidente da República nomear o sucessor. “O que posso adiantar é que a Presidenta vai resolver isso logo”.


Ele disse que ao examinarem a crise dos últimos dias, decidiu que “nosso Partido não pode ser instrumento de nenhum tipo de ataque ao governo, por isso o resultado da reunião é que a melhor solução é me afastar do governo”, afirmou. A Presidente apoiou a decisão.

E pediu aos jornalistas que continuem acompanhando os fatos para que, em breve espaço de tempo, “possam dedicar as mesmas páginas apresentadas até aqui para mostrar a verdade que está comigo”.

Orlando disse que, afastado do Ministério, poderá defender “com mais ênfase, a minha honra” e que continuará defendendo “o meu governo e o sucesso e o trabalho do Ministério do Esporte”. E também enfatizou a luta em defesa do seu Partido, “que tem uma história tão bonita, que tem mártires e identidade com a luta dos trabalhadores”.

“Hoje completa 12 dias que sofri ataque baixo, vil, baseado em mentiras, que produziu crise política”, avaliou Orlando, justificando a sua saída: “Eu tenho compromisso com governo da Presidente Dilma, o nosso partido participa desse governo, e temos orgulho da orientação política do governo. Somos entusiastas da condução firme da presidenta Dilma na grave crise internacional”, afirmou.

As mesmas palavras foram ditas pelo presidente do Partido. Renato Rabelo lembrou que “o PCdoB mantém grande intimidade e identidade com a Presidenta Dilma e os rumos desse governo. O partido não está no governo porque caiu de paraquedas, mas por que tem aliança desde o Presidente Lula e com o PT desde 1989, participou de todas as eleições presidenciais e evidentemente contribuímos para a vitória de Lula em 2002, 2006 e para Presidente Dilma em 2010”.

Rabelo defendeu, como fez desde o início, o ministro Orlando Silva, “porque é um ministro honesto, competente, sincero, jovem com grande capacidade. Nada foi provado do que o acusam. Toda acusação foi montada em cima de pessoas desqualificadas”, destacando que “se o país e os partidos verdadeiramente democráticos fossem considerar essa montagem como coisa séria, seria retrocesso para o nosso país”.

Para Renato Rabelo, “o ministro foi bombardeado por calúnia, montagem sórdida”, o que causa muita indignação ao PCdoB, mas que não se intimida. “Não nos intimidamos diante dessas tentativas e manobras para desmoralizarem o Partido, que tem história, fisionomia e ideologia. Não nos intimidamos. Aliás nunca nos intimidamos”, concluiu.

O PCdoB distribuiu nota com a imprensa em que afirma que os comunistas seguem "de cabeça erguida". Leia a íntegra do seu pronunciamento.

Dando seguimento à escalada de tentativas de desestabilização do governo da presidente Dilma Rousseff, desde o último dia 15 o campo político reacionário do país e veículos do monopólio de comunicação desencadearam uma criminosa campanha difamatória contra o ministro Orlando Silva e o Partido Comunista do Brasil.

O PCdoB, neste momento, vem reafirmar a convicção na inocência e integridade de Orlando Silva no exercício da titularidade do Ministério do Esporte. Esta convicção é baseada na ausência absoluta de provas, na fonte desqualificada que o acusa, e na sinceridade e na segurança com que ele sustenta que não há fatos que o incriminem.

Ressaltamos que desde a primeira hora Orlando defendeu com altivez sua honra e dignidade. Demonstrando segurança de que tudo deriva de uma campanha difamatória, de pronto ele solicitou a investigação provocada pelo Procurador-Geral da República junto ao Supremo Tribunal Federal. Além disso, pediu à Polícia Federal e a outros órgãos de controle do Estado uma apuração rigorosa das falsas acusações que lhe foram lançadas. Também abriu mão de seus sigilos telefônico, fiscal, bancário e de correspondência.

É importante assinalar que a gestão de Orlando Silva à frente do Ministério do Esporte elevou esta pasta a outra dimensão. Prova disso é a conquista da realização no Brasil da Copa do Mundo e das Olimpíadas. Destacam-se, também, as políticas aplicadas e o sucesso que alcançaram tanto em termos de difusão massiva de práticas desportivas, quanto aos recordes alcançados pelo Brasil em competições e o aumento do número de nossos atletas com nível de desempenho internacional, como fica evidente com o desempenho da delegação brasileira nos Jogos Pan-Americanos, no México.

O Partido Comunista do Brasil uma vez mais rechaça os ataques contra sua legenda, igualmente caluniosos e sem provas. Nosso Partido tem 90 anos de história de luta e de heroísmo em defesa do Brasil e da democracia. Nossa legenda tem um perfil ideológico claro e um Programa Socialista que defende o fortalecimento da Nação e uma vida digna para o nosso povo. A verdadeira “caçada” movida contra ele pelo campo político reacionário do país e veículos do monopólio midiático vem do seu fortalecimento crescente na condição de um Partido contemporâneo e revolucionário.

Porém, entendemos que esse ataque não é somente contra a liderança de Orlando Silva e o nosso Partido. O objetivo das forças conservadoras e da grande mídia é golpear o governo da presidente Dilma Rousseff quando ela lidera com êxito o enfrentamento dos efeitos da crise capitalista mundial sobre o Brasil.

O Partido e o companheiro Orlando Silva estão de cabeça erguida e altiva diante desta campanha infame. O tempo e as investigações irão demonstrar que tudo não passa de calúnia. A verdade – estamos convictos – vai prevalecer sobre a mentira. O PCdoB, com a unidade de seu coletivo militante e apoio do povo e dos aliados, reafirma seu compromisso com a luta pelo êxito do governo Dilma na sua missão de conduzir o Brasil à nova etapa de seu desenvolvimento com distribuição de renda e valorização do trabalho.

Brasília, 26 de outubro de 2011.

Renato Rabelo
Presidente do Partido Comunista do Brasil-PCdoB

25 de outubro de 2011

Nos dias 4 e 5 de Novembro tem Conferência Estadual do PCdoB

Dias 04 e 05 de novembro, o PCdoB do Maranhão se reunirá para discutir as diretrizes do partido nas eleições de 2012 na Conferência Estadual, que acontecerá no auditório Fernando Falcão, na Assembleia Legislativa do Maranhão. No evento, será apresentada e estabelecida a Resolução Política que deve dar as orientações de 2012 e preparar as primeiras bases para a disputa estadual de 2014. O PCdoB deve ter candidato a prefeito em pelo menos 48 cidades.

A expectativa é de que haja participação de todos os 217 municípios, entre os quais o PCdoB já se encontra organizado em 209, em que serão debatidas as táticas para unir as estratégias eleitorais de 2012 com vistas para a eleição de governo. "As eleições de 2012, em todos os municípios, deve começar a preparar o caminho para 2014,” explicou o presidente municipal do PCdoB em São Luís, Márcio Jerry.

Para isto, o PCdoB pretende continuar dialogando com as demais legendas de oposição em todo o estado. PPS, PSB, PDT, PT, PTC, PRTB, PSOL, PP e PSDB serão procurados em diversos municípios para tentativa de proximidade maior com o partido comunista.

“Em que pese as dificuldades em Imperatriz e diferenças insanáveis com o PSDB de São Luís, cujo representante eleitoral é João Castelo, com o qual não temos nenhuma proximidade, o PSDB no Maranhão é um partido importante e poderá ser aliado do PCdoB em outros municípios,” comentou Márcio Jerry.

São Luís, Imperatriz, São José de Ribamar e Codó são algumas das 48 cidades em que o PCdoB já firmou os pré-candidatos a eleição majoritária. As articulações de alianças, porém, continuam até o próximo ao com o intuito de formar boas bases segundo as diretrizes que serão apresentadas na Conferência Estadual e já debatidas nas reuniões municipais.

Ato de desagravo

Durante as conferências realizadas em cada cidade, o PCdoB reuniu mais de sete mil militantes e deve ter cerca de 600 delegados do partido na Conferência Estadual. No evento, será realizado um ato de desagravo ao partido em defesa do ministro dos Esportes, Orlando Silva, que vem sofrendo constantes ataques da mídia de direita.

O PCdoB pretende pedir a apuração do caso, principalmente quanto às denúncias inconsistentes que têm sido veiculadas na imprensa nacional. A Conferência também dará espaço para esclarecimento do caso aos militantes do partido. “Explicaremos a nossos filiados de onde vêm os ataques, quais são os interesses por trás deles e demonstrar as inconsistências que possuem. As acusações não têm qualquer tipo de comprovação, sequer com indícios,” adiantou Márcio Jerry.

Da Redação - Maranhão



Fonte: http://www.vermelho.org.br/ma/noticia.php?id_noticia=167172&id_secao=73

24 de outubro de 2011

Jose Dirceu: O esforço para alimentar crise sem provas contra Orlando

O nome do ministro do Esporte, Orlando Silva, praticamente desapareceu da Veja desta semana como pivô da crise. Depois de terem dito até que ele recebia pacotes e caixas de dinheiro na garagem do Ministério, mudaram o foco do noticiário.

Por José Dirceu


Como não apareceram até agora as provas do soldado ongueiro PM de Brasília, João Dias, contra o ministro, o centro do noticiário desta edição de agora da revista é a história de que assessores seus - não ele - instruíram o soldado sobre como se livrar e não ser descoberto nas falcatruas que teria cometido com dinheiro público em suas ONGs.

Veja fala de gravações dessas instruções de assessores do ministro. Sobre elas, o Ministério do Esporte emitiu nota em que esclarece que esses diálogos de servidores da pasta são uma "suposta gravação que cita supostos trechos, partes de frases, palavras isoladas, com o intuíto claro de induzir os leitores".

O ministério adianta, ainda, que vai pedir à Polícia Federal (PF) que as "supostas gravações" sejam incorporadas à investigação sobre o caso e que "adotará os procedimentos cabíveis para apurar eventuais responsabilidades de servidores". Mas, como sempre, o material da revista terminou pautando os jornais do fim de semana até esta 2ª feira.

Macartismo com força total

Até porque eles não têm fatos novos para prosseguir na campanha denuncista contra o governo. O Estadão aproveitou para dar praticamente uma edição inteira da (editoria de) Política contra o PCdoB, falando de um "esporteduto" da legenda. Nada menos que oito matérias ontem, mais inúmeras hoje. Macartismo, ranço puro contra um partido comunista.

Ranço ao PCdoB que eles, aliás, ignoravam até poucos dias atrás. Não davam ao partido a menor atenção, haviam-no esquecido. Mas, agora, aproveitam a situação de aliado da legenda para exteriorizar esse anticomunismo, ótimo para eles irem na linha que querem contra o governo.

O jornalão da família Mesquita traz até uma matéria de seu correspondente em Zurique (Suíça) que nunca escreve sobre política interna brasileira, dizendo que o ex-presidente Lula mandou o ministro Orlando "resistir" e a presidente Dilma Rousseff não teve condições de demiti-lo.

Temor de "crise" na FIFA vem de um velho conhecido

Afirmar isso é desconhecer quão ciosa a presidente Dilma é da sua autoridade e a forma como atua o ex-presidente da República desde que deixou o cargo dia 1º de janeiro deste ano. O correspondente do Estadão diz em sua matéria, inclusive, que a FIFA teme uma crise em relação à Copa de 2014 no Brasil.

Só que fundamenta esse raciocínio e vê essa "crise" a partir de declarações de Jerome Valcke, secretário geral da entidade. É isso mesmo que vocês leram e perceberam: Valcke é o mesmo que sempre teve posição cética e crítica em relação ao Brasil. É o gerador das grandes manchetes negativas, tão ao gosto da mídia brasileira, de que os nossos estádios não vão ficar prontos para a Copa, tampouco as demais obras ficarão, de que nada vai andar, nem funcionar...

Fonte: Blog do Zé Dirceu

18 de outubro de 2011

Do Vermelho: 'Campanha de apoio a Orlando vira tema mais comentado no Twitter'

















Uma campanha de apoio e solidariedade ao ministro do Esporte, Orlando Silva (PCdoB), tomou conta do Twitter, neste domingo (16), após a fevista Veja ter publicado reportagem sobre supostas irregularidades no ministério. Com a hashtag #SouOrlandoSouBrasil, os brasileiros levaram o assunto aos Trending Topics (TTs, temas mais comentados na rede social) do Brasil e do mundo.

O twitaço foi convocado neste domingo (16) pela União da Juventude Socialista (UJS) e começou por volta das 20h30. Em pouco tempo, o tema já aparecia no Twitter como o número um na lista dos mais mencionados no Brasil, e chegou a ocupar o quarto lugar no ranking mundial. Até a conclusão desta matéria, o assunto continuava nos TTs, desta vez em segundo lugar.

Saiba mais:
Dilma sobre Orlando: "nós presumimos a inocência do ministro"
Casa Civil informa que governo está satisfeito com Orlando Silva

A tag #SouOrlandoSouBrasil recebia cerca de 12 mensagens a cada minuto. "Tem gente que não suporta a ideia de um negro, nordestino e ainda por cima comunista em espaços de poder!", escreveu a tuiteira @lemos_monique.

"Chega de acusações sem provas. Quem acusa tem que provar e não se esconder por trás de supostas 'fontes' e de bandidos", reagiu @MarcosTenorio. "A mídia conservadora não consegue ver a chegada do desenvolvimento do país pelas mãos de forças progressistas!", criticou @elis_lizardo.

O próprio Orlando respondeu às manifestações de apoio: "Vi o movimento #SouOrlandoSouBrasil. Isso dá força pra enfrentar a farsa. Sigo com 'a mente quieta, a espinha ereta e o coração tranquilo'. Agradeço as palavras de confiança e carinho de todos. Esses ataques mostram o quanto temos que fazer pela democracia no Brasil. Avante!".

O presidente do PCdoB, Renato Rabelo, também participou da campanha. "PCdoB incomoda poderosos que concentram toda artilharia pesada contra nós. Resistiremos!", postou. Quem também mencionou a campanha foi a repórter da GloboNews, Cristiana Lôbo. "Mobilização do PCdoB leva ministro Orlando Silva aos TT's. Apoios desde Renato Rabelo, presidente do PCdoB, a militantes", redigiu.

De acordo com o diretor de Comunicação da UJS, Ismael Cardoso, a ideia é retomar o twitaço quando Orlando Silva for prestar depoimento em uma das comissões da Câmara ou do Senado, data que ainda não foi estabelecida.

Da Redação

Professor Dr. Francisco Gonçalves convida para lançamento do livro OUTUBRO DE 71: MEMÓRIAS FANTÁSTICAS DA GUERRA DOS MUNDOS

17 de outubro de 2011

As pensatas de Veja já queimaram essa revista pelo antijornalismo e pelas mentiras



A degradação jornalística da revista Veja foi fruto de dois fenômenos simultâneos que sacudiram a mídia nos últimos anos: a mistura da cozinha com a copa (redação e comercial) e o afastamento dos princípios jornalísticos básicos.

Vamos analisar um processo de cada vez.

A copa e a cozinha
Os grupos de mídia sempre tiveram interesses paralelos em jogo. Para não contaminar as redações, se procurava tratar em âmbito das cúpulas das empresas. Sempre havia maneiras “técnicas” de vetar determinadas matérias que não interessavam, assim como conferir tratamento jornalístico a matérias de interesse da casa.

Para administrar esse território delicado, as boas redações jamais prescindiram de comandantes fortes e competentes. São os avalistas do jornalismo perante a empresa e da empresa perante a redação. Não vão contra a lógica comercial, mas são os radares, aqueles que informam até onde se pode avançar no noticiário sem comprometer a credibilidade da publicação.

Após a crise cambial de janeiro de 1999, o quadro começou a mudar. Apertos financeiros levaram gradativamente muitas publicações a abrirem mão de cuidados básicos, não só permitindo a promiscuidade entre a copa e a cozinha (redação e comercial), mas também manobras de mercado. Quanto às manobras de mercado, deixo apenas registrado, porque não será tema dessa série.

No início de 1999, um episódio marcaria os novos tempos de Veja. Em 10 de março de 1999, em pleno escândalo das “fitas do BNDES”, a revista recebeu material demonstrando que a Previ tinha assinado acordo com o banco Opportunity, de Daniel Dantas, mesmo tendo sido desaprovado por sua diretoria. A matéria foi feita pelo repórter Felipe Patury (clique aqui).

"No início de fevereiro, um diretor do fundo, Arlindo de Oliveira, mandou uma carta ao presidente da Previ. São três páginas, e o tom é de indignação, expresso em frases que se encerram com três pontos de exclamação. Na carta, o diretor relata que a diretoria da Previ, reunida em julho do ano passado, decidiu que não faria parceria com o Opportunity no leilão das teles tendo de pagar ao banco 7 milhões de reais por ano de "taxa de administração". A diretoria achou o valor descabido e decidiu só fazer o negócio se não tivesse de pagar a taxa. O estranho é que essa decisão foi ignorada. A Previ associou-se ao Opportunity na compra de três teles (Tele Centro Sul, Telemig Celular e Tele Norte Celular) e comprometeu-se a arcar com os 7 milhões de reais por ano, apesar da decisão contrária da diretoria".

Segundo a matéria, a Previ também havia entrado – sem autorização da diretoria – na operação de compra da Telemar que – na época – pensava-se que sairia para o Opportunity.

Na semana seguinte, o repórter conseguiu mais material das suas fontes. Chegou a preparar a matéria. Uma semana depois, na edição de 17 de março de 1999, a matéria não saiu publicada. Mas, pela primeira vez, o banco Opportunity – denunciado na edição anterior – bancou duas páginas de publicidade na revista

Não batia. O Opportunity não é banco de varejo, não atua sequer no middle market, não havia lembrança de publicidade dele nem mesmo em revistas especializadas – como a Exame.

No dia 31 de março de 1999, mais duas páginas de publicidade do Opportunity.

Esse mesmo procedimento – em mão inversa – seria empregado nas duas edições em que Diogo Mainardi me atacou, em defesa de Daniel Dantas. Só que, nesses casos, a fatura foi mais alta: 6 páginas de publicidade da Telemig Celular e Amazônia Celular em cada edição, 12 ao todo. Também não se justificava tamanho investimento publicitário por parte de empresas que tinham atuação regional.

Qualquer manual de administração ensina que, quando a empresa passa a fugir do comportamento ético nas suas ações externas, acaba contaminando toda a estrutura.

Aparentemente, ocorreu um liberou geral na revista. É o que explica as atitudes de Eurípedes com Eduardo Fischer ou as de Mário Sabino manipulando listas de livros mais vendidos para incluir o seu. E o lobby escancarado da revista em favor de Daniel Dantas, especialmente através das colunas de Diogo Mainardi.


Com escorregões cada vez mais freqüentes, tornou-se difícil – mesmo para os leitores mais atilados – identificar o que eram falhas editoriais, interesse da Abril ou interesse dos diretores da revista.

Havia um fator a mais a estimular a falta de controle: a desobediência ampla aos princípios jornalísticos básicos. E aí se encontra um farto material sobre o mais completo compêndio de anti-jornalismo que a história moderna da mídia brasileira registrou: o estilo Veja de jornalismo.

Desde os anos 80, cada vez mais Veja se especializaria em “construir” matérias que assumiam vida quase independente dos fatos que deveriam respaldá-las. Definia-se previamente como “seria” a matéria. Cabia aos repórteres apenas buscar declarações que ajudassem a colocar aquele monte de suposições em pé.

Essa preparação prévia da reportagem ocorre toda segunda-feira nas reuniões de editores. É chamada de "pensata".

O que era um estilo criticável, com o tempo acabou tornando-se uma compulsão, como se a revista não mais precisasse dos fatos para compor suas reportagens. Ela se tornou uma ficção ampla, algo que é de conhecimento geral dos jornalistas brasileiros.

Ainda nos anos 80, o caso mais célebre foi o do “boimate” – criação de Eurípedes Alcântara, já mencionado em outro capítulo.

Mas, à medida que se entrava na era Tales Alvarenga- Eurípedes- Sabino, final dos anos 90 em diante, esse estilo ficcional passou a arrostar os limites da verossimilhança.

O primeiro filtro sobre uma matéria é avaliar se os fatos relatados são verossímeis. Se passar nesse teste básico, é que se irá conferir se, mesmo sendo verossímeis, também são verdadeiros.

Com o tempo, tornaram-se cada vez mais freqüentes as matérias absurdas, sem nexo, sem conhecimento básico sobre economia, finanças, valores, relações de causalidade. Sobre jornalismo, enfim.

O modelo Veja de reportagem

Antes de análises de caso, vamos a uma pequena explicação sobre como é esse modelo Veja de reportagem.

1. Levantam-se alguns dados verdadeiros, mas irrelevantes ou que nada tenham a ver com o contexto da denúncia, mas que passem a sensação de que o jornalista acompanhou em detalhes o episódio narrado.

2. Depois juntam-se os pontos, cria-se um roteiro de filme, muitas vezes totalmente inverossímil, mas calçado nos fatos supostamente verdadeiros.

3. Para “esquentar” a matéria ou se inventam frases que não foram pronunciadas ou se tiram frases do contexto ou se confere tratamento de escândalo a fatos banais. Tudo temperado por forte dose de adjetivação.

O caso "boimate" é clássico. Depois de cair no conto de 1o de abril da New Scientist - sobre um cruzamento de boi com tomate que resultou em uma carne com molho -, envia-se um repórter para obter uma frase de efeito de um cientista da USP.

O repórter perguntou o que o cientista achava. A resposta foi que era impossível tal experimento. O repórter tinha que voltar com a frase que se encaixasse na matéria, então insistiu: "E se fosse possível!". O cientista, ironizando: "Seria a maior revolução da história da genética".

A matéria saiu com a frase do infeliz dizendo que era a maior revolução da história da genética.


Dentre todos os repórteres, no entanto, nenhum se esmerou mais na arte ficcional do que Policarpo Júnior, recentemente promovido a Diretor da Sucursal de Brasília. Assim como Lauro Jardim e Mainardi cultivam os lobistas cariocas, Policarpo é um freqüentador habitual do submundo de Brasília, convivendo com arapongas, policiais e lobistas em geral.

Vamos a alguns exemplos pré-governo Lula para entender, na prática, em que consiste esse estilo Veja, a partir de algumas obras de Policarpo.

O caso Chico Lopes

Em janeiro de 1999, quando houve o estouro no câmbio, seguiu-se uma catarse geral na mídia, uma busca de escândalos a qualquer preço. Foram publicados absurdos memoráveis que acabaram se perdendo no tempo – como o de que Fernando Henrique Cardoso se valia do seu Ministro-Chefe da Casa Civil Clóvis Carvalho para informar os banqueiros sobre as mudanças cambiais.

O escândalo refluiu, cada publicação tratou de esquecer as ficções que plantou e a vida prosseguiu.

Na época, Veja publicou uma capa acusando Chico Lopes de ter beneficiado os bancos Marka e FonteCindam com informações privilegiadas. Chegou a afirmar que quatro bancos pagavam US$ 500 mil mensais para ele (clique aqui).

A matéria não respondia à questão central: se os dois bancos recebiam informações privilegiadas de Chico Lopes, se Chico assumiu a presidência do Banco Central com a missão precípua de mudar a política cambial porque, raios!, apenas eles quebraram na mudança? Na época, a explicação de Veja já era absurda. Assoberbado com os problemas da mudança cambial, Chico tinha se esquecido de avisar seus clientes (que lhe pagavam US$ 500 mil mensais apenas para ter aquela informação).

O mistério persistiu até o dia 23 de maio de 2001 quando saiu a capa da Veja “A História Secreta de um Golpe Bilionário” um clássico à altura do “boimate”, de Eurípedes Alcântara (clique aqui).



A abertura nada ficava a dever a um conto de Agatha Christie.

O momento mais dramático do governo do presidente Fernando Henrique Cardoso ocorreu no dia 13 de janeiro de 1999.(...) O que ninguém sabia é que, desde aquele dia, um grupo reduzidíssimo de altos membros do governo passou a guardar um segredo de Estado, daqueles que só se revelam vinte anos depois da morte de um presidente. Após quatro meses de investigação e 22 entrevistas com catorze personagens envolvidos, VEJA desvendou peças essenciais para o esclarecimento do mistério, que resultou na inesperada, e até hoje inexplicada, demissão do presidente do Banco Central apenas duas semanas depois da desvalorização.

A demissão de Lopes tinha sido mais que explicada: os erros na condução da mudança da política cambial.

O então presidente do Banco Central, o economista Francisco Lopes, vendia informações privilegiadas sobre juros e câmbio – e uma parte de sua remuneração saía da conta número 000 018, agência 021, do Bank of New York. A conta pertencia a uma empresa do Banco Pactual, a Pactual Overseas Bank and Trust Limited, com sede no paraíso fiscal das Bahamas. Chico Lopes, como é conhecido, repassava as informações para dois parceiros, que se encarregavam de levá-las aos clientes do esquema. Os contatos entre os três eram feitos por meio de aparelhos celulares. A Polícia Federal suspeita que os números sejam os seguintes: 021-99162833, 021-99835650 e 021-99955055
Salvatore Alberto Cacciola, então dono do banco Marka, do Rio de Janeiro, descobriu todo o esquema por meio de um grampo telefônico ilegal e também passou a ter as mesmas informações privilegiadas. As fitas, que registram as conversas grampeadas, estão guardadas num cofre no Brasil – e há cópias depositadas num banco no exterior. Cacciola chegou a custear viagens a Brasília para que seu contato obtivesse, pessoalmente, as informações de Chico Lopes. Numa delas, seu contato voou do Rio a Brasília num jatinho da Líder Táxi Aéreo (o aluguel do jato saiu por 10 500 reais) e hospedou-se no hotel Saint Paul (a conta: 222,83 reais). Quebrado com a mudança cambial, que seu informante não conseguiu avisar-lhe a tempo, Cacciola desembarcou em Brasília no dia seguinte, 14 de janeiro de 1999, com o que chamou de "uma bazuca". Ela estava carregada de chantagem: ou o BC lhe ajudava ou denunciaria ao país a existência do esquema. O BC ajudou. Vendeu dólar abaixo da cotação e, no fim, Cacciola levou o equivalente a 1 bilhão de reais.

Era um furo fantástico! Em vez de pagar US$ 500 mil mensais, Cacciola descobrira o modo mais barato de obter informações privilegiadas: grampeando celulares.

Na mesma abertura se dizia que ele se informava através de um “grampo” e que tinha um informante.

Nem se fale do contra-senso de alguém experiente em mercado jogar todo seu futuro no resultado de um “grampo”. Qualquer decisão de mudança de política cambial seria imprevista, da noite para o dia. Como confiar toda sua vida financeira a um mero “grampo”?

Segundo a matéria, no dia aziago o grampo falhou e Cacciola quebrou. Indignado, foi tirar satisfações com Chico Lopes, que cedeu à chantagem.

Como foi montado esse nonsense?

Depois de “22 entrevistas com 14 personagens” envolvidos, Policarpo havia conseguido – de fato - as seguintes informações:

1. Com Luiz Cezar Fernandes, ex-controlador do Pactual, em briga com seus ex-sócios, o número da suposta conta-corrente do Pactual em Nova York de onde sairiam os supostos pagamentos para Chico Lopes. Na verdade o número apresentado era o de registro do banco na praça de Nova York, feito junto ao Banco de Nova York – equivale aquele 001 que você confere nos cheques do Banco do Brasil.

2. Na declaração de renda de Luiz Bragança (o suposto intermediário de Chico Lopes no vazamento das informações) algum araponga brasiliense levantou os números dos três celulares. Ou seja, o sujeito montava um esquema super-secreto para transmitir informações, que supostamente renderia US$ 500 mil mensais, valendo-se de telefones celulares – e colocava o numero dos aparelhos na sua declaração de renda.

Como tempero final, um apanhado de fatos e dos boatos mais inverossímeis que circularam por ocasião da mudança cambial.

Bastava isso para se para se ter um enredo que provocou gargalhadas em todos os jornalistas que cobriam a área financeira.

Na época apontei a maluquice; minha colega Mirian Leitão também. E menciono a Mirian por que, anos depois, essa crítica estimularia uma revanche de Veja: ataques continuados contra seu filho Matheus Leitão, repórter da revista Época. Essa história será contada em outro capítulo.

Citado na matéria, o economista Rubens Novaes enviou carta a Veja esclarecendo todos esses pontos. A carta jamais foi publicada. Ele limitou-se a enviar cópias para alguns jornalistas.

Longe de mim afirmar que não houve irregularidade, que Cacciola era inocente, ou mesmo colocar a mão no fogo por Chico Lopes. Na época, mesmo, divulguei indícios fortes de que Cacciola tinha, no mínimo, alguém que lhe passava informações sobre as taxas de juros praticadas pelo Central - e até sugeri a metodologia para identificar essa prática de "insider".

Mas era evidente que toda a matéria de Veja era uma ficção ampla.

Anote esse exemplo porque, longe de exceção, refletia um padrão de "jornalismo" presente em todas as coberturas bombásticas da revista.

Na era Eurípedes-Sabino, Policarpo, repórter de escândalos, freqüentador do submundo dos lobbies de Brasília, tornou-se diretor da sucursal da revista. E seria o autor das capas mais rocambolescas da cobertura do “mensalão”.

Coube a ele divulgar o vídeo em que o funcionário dos Correios, Mauricio Marinho, aceitou a propina de R$ 3 mil. E que deflagrou a campanha do “mensalão”.

Mas este é tema para um outro capítulo.

Fonte: Blog do Nassif

14 de outubro de 2011

ESCRITOR JOSÉ CHAGAS É HOMENAGEADO COMO PATRONO DA 5ª FEIRA DO LIVRO



A poesia presente nos mirantes e casarões que marcam o cenário histórico da capital maranhense, tão narrada e retratada por muitos escritores e que continua tão viva e inspirando novos literatos, é o eixo temático da 5ª Feira do Livro de São Luís.

Foi este eixo que inspirou o tema deste ano: “São Luís, poesia viva de sua história”, que também homenageará um dos maiores representantes desse gênero literário, o poeta, cronista, jornalista e membro da Academia Maranhense de Letras, José Chagas.

A escolha do homenageado foi unânime entre os parceiros, apoiadores e a coordenação geral do evento, que o elegeram como patrono da 5ª edição. A sintonia se deu porque José Chagas reverencia bem, por meio de suas poesias, a nostalgia expressa nos casarões, mirantes, azulejos, pedras de cantaria e becos, levando o leitor à reflexão sobre o passado e a atual visão social, política, cultural e patrimonial da cidade.

O patrono - Paraibano de nascimento, mas maranhense de alma e coração, José Francisco das Chagas era membro de família camponesa, em algumas ocasiões precisou interromper seus estudos para ajudar os pais na agricultura. Fez, na Paraíba, o curso fundamental e, em Teresina e São Luís, concluiu o ensino médio.

No Maranhão desde 1948, José Chagas é funcionário aposentado da Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Foi vereador da Câmara Municipal de São Luís, onde também serviu como diretor da Secretaria-Geral. Jornalista profissional, exerceu as funções de técnico em Comunicação Social na Universidade Federal do Maranhão até aposentar-se. Atualmente, mantém marcante presença nos jornais de São Luís, escrevendo crônicas.

“É seguramente um dos grandes poetas de nossa atualidade, e pela principal temática de suas obras e por toda a sua paixão e dedicação pela bela São Luís, lhe garantiram a justa homenagem como patrono da 5ª Feira do Livro”, destaca o presidente da Fundação Municipal de Cultura (Func), Euclides Moreira Neto.

Chagas é dono de obra vasta e significativa, no entanto pouco divulgada. Com mais de vinte livros de poesia, estreou em 1955 com o livro “Canção da Expectativa”, e ganhou maior destaque com “Os telhados” e “Os canhões do silêncio”.

Hoje aos 86 anos, o poeta ainda preserva sua fina ironia, qualidade que sempre lhe foi peculiar, e um coração pleno de amor pela sua apaixonada São Luís, cidade sempre exaltada por ele em todos os seus aspectos.

A Feira - Foi toda a tradição literária ludovicense, encabeçada por Gonçalves Dias, ladeado por João Lisboa, Sotero dos Reis, Gentil Braga e Sousândrade, que motivou a criação, pela Lei Municipal nº 4.449, de 2005, da Feira do Livro de São Luís.

“A Feira abre espaço para discussões e é uma importante ação de democratização do acesso à leitura e fomento da cadeia produtiva do livro, além de oportunizar a aquisição de lançamentos editoriais nacionais e internacionais”, afirma o coordenador geral do evento, professor José Maria Paixão.

Promovida pela Prefeitura de São Luís, por meio Func, a 5ª Feira do Livro acontecerá entre os dias 04 e 13 de novembro, na Praça Maria Aragão, com uma vasta programação distribuída em mais de vinte espaços, com a realização de palestras, oficinas, minicursos, lançamentos de livros, bate-papo literário, contação de histórias, comercialização de livros, além de programação artístico-cultural.

Fonte: ASCOM - FUNC

4 de outubro de 2011

Do Portal Vermelho: China expressa dura oposição a protecionismo dos EUA



O governo chinês expressou nesta terça-feira (4) sua "firme rejeição" ao início do debate de um projeto de lei no Senado dos Estados Unidos que dá poderes ao Executivo para combater a desvalorização de moedas de outros países, em especial a China.


O projeto abriria a possibilidade dos EUA aplicarem sanções comerciais contra o país — acusado de manter o iuane abaixo de seu valor real, em prejuízo das exportações americanas. Em 2010, os EUA registraram um déficit comercial com a China de US$ 273 bilhões.

Em uma reação imediata, o Banco Central da China avisou que a aprovação da legislação "pode conduzir a uma guerra comercial a que não queremos assistir", disse a autoridade monetária chinesa.

“Usando a desculpa do chamado 'desequilíbrio cambial', isso aumentará o problema da taxa de câmbio, adotando uma medida protecionista que gravemente viola regras da OMC e seriamente perturba as relações econômicas e comerciais sino-americanas", disse o porta-voz do Ministério do Exterior chinês, Ma Zhaoxu, em comunicado publicado no site do governo nesta terça. "A China expressa sua oposição inflexível a isso."

O projeto dá ao Tesouro estadunidense a possibilidade de avaliar a força das divisas externas e lançar sanções caso estas sejam consideradas como artificialmente "fracas". As sanções podem passar por tarifas alfandegárias mais altas ou pela decisão do governo americano de não comprar bens e serviços nos países que fazem desvalorizações competitivas.

A nota do Banco Central chinês "lamenta" a postura americana, mas diz que não serão ações deste gênero que eliminarão os "verdadeiros" problemas dos EUA: um déficit comercial elevado, uma alta taxa de desemprego e escassez de poupanças.

Os Estados Unidos tentam visivelmente tapar o sol com a peneira. As razões do seu déficit externo não estão na taxa de câmbio chinesa, mas no processo irreversível de declínio de sua economia, motivado pelas suas próprias vulnerabilidades estruturais.

O porta-voz do Ministério de Comércio, Shen Danyang, disse que os EUA estão tentando culpar outros por suas próprias falhas. "Tentar transferir disputas domésticas para outro país é injusto e viola regras internacionais, e a China expressa sua preocupação".

Cenário político

A legislação para retaliar a China foi proposta por um grupo formado por senadores dos dois principais partidos políticos do país, a oposição republicana e governistas democratas. O líder da maioria democrata no Senado, Harry Reid, empenhou-se pessoalmente para colocar o assunto na pauta.

Em junho de 2010, a China aceitou reiniciar um processo de lenta valorização de sua moeda. De lá para cá, o câmbio se fortaleceu 7% em termos nominais e 10% em termos reais, já que a inflação na China anda bem mais alta do que nos EUA. Desde o novo agravamento da crise financeira na Europa e nos Estados Unidos, no entanto, o dólar voltou a se valorizar diante das moedas do resto do mundo, já que os investidores ainda consideram os ativos americanos mais seguros.


Da redação com agências

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