8 de fevereiro de 2010

Deu no Estadão: "PT prevê até intervenção nos Estados por aliança de centro"


Empenhada em garantir palanques estaduais para a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, pré-candidata à Presidência, a cúpula do PT ameaça até mesmo intervir em diretórios que se recusarem a cumprir a orientação nacional de aliança com o PMDB. Documento a ser apresentado no 4º Congresso Nacional do PT ? encontro que homologará a candidatura de Dilma e definirá a política de alianças ? enquadra as seções estaduais do partido e, sem usar o verbo intervir, afirma que a “prioridade máxima” é o projeto nacional.

“Compete ao Diretório Nacional a missão de examinar em caráter terminativo as alianças estaduais, à luz das resoluções deste congresso, e do objetivo de prosseguir com as mudanças que o povo aprova e o Brasil tanto necessita”, diz um trecho do documento, intitulado Os Desafios de 2010: A vitória na eleição presidencial e o crescimento do PT, que será apresentado no congresso, marcado para os próximos dias 18 a 20, em Brasília. Para justificar a orientação, o texto investe na necessidade de formar uma ampla frente de partidos, capaz de se opor aos neoliberais, termo que, segundo o próprio documento, se aplica ao bloco PSDB, DEM e PPS.

O presidente eleito do PT, José Eduardo Dutra, disse estar confiante na solução dos impasses regionais, apesar da dificuldade para fechar parcerias entre seu partido e o PMDB em alguns Estados, como Minas. “Não vai haver intervenção”, disse o ex-senador, autor do texto. “Não haverá um processo de chantagem, mas, sim, de debate político.”

As direções do PT e do PMDB ainda não conseguiram fechar acordo em Minas, Pará, Ceará, Mato Grosso do Sul, Bahia e Maranhão. No Rio, o PT vai apoiar o governador Sérgio Cabral (PMDB), mas o ex-governador Anthony Garotinho (PR), pré-candidato ao Palácio Guanabara, quer Dilma em seu palanque. “Apoio não se rejeita”, comentou Dutra. “Se o Garotinho diz que apoia a Dilma, a Dilma vai chutá-lo?”

Além do texto sobre política de alianças, o Congresso do PT vai aprovar as diretrizes do programa de governo de Dilma e o manifesto de lançamento da candidatura da ministra, antecipados pelo Estado.

“Devemos envidar todos os esforços no sentido de buscarmos candidaturas unitárias aos governos estaduais”, sustenta o texto sobre política de alianças. Nos locais onde uma única candidatura apoiada por partidos aliados for “politicamente impossível”, a ordem é assegurar dois palanques para Dilma.

Integrante da coordenação da campanha da ministra, o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel ameniza a polêmica, alegando que as negociações têm caminhado sem a necessidade de intervenção. “Mas é sempre melhor prevenir do que remediar. Se tivermos algum problema mais adiante, esse mecanismo serve de garantia para a aplicação da nossa estratégia”, disse Pimentel, que é pré-candidato ao governo de Minas. Além dele, o ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias, também está de olho na vaga. O problema não para aí: o PMDB tem como pré-candidato o ministro das Comunicações, Hélio Costa.

A informação é do jornal O Estado de S. Paulo

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