23 de dezembro de 2008

Tá na hora da festa




ANO NOVO


Meia-noite. Fim

de um ano, início

de outro. Olho o céu

nenhum indício.



Olho o céu

o abismo vence o

olhar. O mesmo

espantoso silêncio

da Via-Láctea feito

um ectoplasma

sobre a minha cabeça

nada ali indica

que um ano novo começa.


E não começa

nem no céu nem no chão

do planeta:

começa no coração.



Começa como a esperança

de vida melhor

que entre os astros

não se escuta

nem se vê nem pode haver:

que isso é coisa de homem

esse bicho

estelar

que sonha

(e luta).




Ferreira Gullar
Do livro: Barulhos, José Olympio, 1987, RJ

Nenhum comentário: