Recebi do meu amigo Vinícius Fontenelle o e-mail tratando da valoroza opinião do atual Secretário Estadual de Cultura de Pernambuco, Ariano Suassuna. Incrível!!!
Nada que muitos já não saibam mas é que poucos falam de maneira tão precisa sobre o assunto. Ariano foi no fundamental. Mais clareza não há.
Reproduzo abaixo o artigo.
Boa Leitura e espero comentários de todos.
Ah... a propósito o sítio do Suassuna na net é www.arianosuassuna.com.br
CRÍTICA DE ARIANO SUASSUNA SOBRE O FORRÓ ATUAL
'Tem rapariga aí? Se tem, levante a mão!'. A maioria, as moças, levanta a mão. Diante de uma platéia de milhares de pessoas, quase todas muito jovens, pelo menos um terço de adolescentes, o vocalista da banda que se diz de forró utiliza uma de suas palavras prediletas (dele só não, de todas bandas do gênero). As outras são 'gaia', 'cabaré', e bebida em geral, com ênfase na cachaça. Esta cena aconteceu no ano passado, numa das cidades de destaque do agreste (mas se repete em qualquer uma onde estas bandas se apresentam). Nos anos 70, e provavelmente ainda nos anos 80, o vocalista teria dificuldades em deixar a cidade.
Pra uma matéria que escrevi no São João passado baixei algumas músicas bem representativas destas bandas. Não vou nem citar letras, porque este jornal é visto por leitores virtuais de família. Mas me arrisco a dizer alguns títulos, vamos lá:
Calcinha no chão (Caviar com Rapadura),
Zé Priquito (Duquinha),
Fiel à putaria (Felipão Forró Moral),
Chefe do puteiro (Aviões do forró),
Mulher roleira (Saia Rodada),
Mulher roleira a resposta (Forró Real),
Chico Rola (Bonde do Forró),
Banho de língua (Solteirões do Forró),
Vou dá-lhe de cano de ferro (Forró Chacal),
Dinheiro na mão, calcinha no chão (Saia Rodada),
Sou viciado em putaria (Ferro na Boneca),
Abre as pernas e dê uma sentadinha (Gaviões do forró),
Tapa na cara, puxão no cabelo (Swing do forró).
Esta é uma pequeníssima lista do repertório das bandas.
Porém o culpado desta 'desculhambação' não é culpa exatamente das bandas, ou dos empresários que as financiam, já que na grande parte delas, cantores, músicos e bailarinos são meros empregados do cara que investe no grupo. O buraco é mais embaixo. E aí faço um paralelo com o turbo folk, um subgênero musical que surgiu na antiga Iugoslávia, quando o país estava esfacelando-se. Dilacerado por guerras étnicas, em pleno governo do tresloucado Slobodan Milosevic surgiu o turbo folk, mistura de pop, com música regional sérvia e oriental. As estrelas da turbo folk vestiam-se como se vestem as vocalistas das bandas de 'forró', parafraseando Luiz Gonzaga, as blusas terminavam muito cedo, as saias e shortes começavam muito tarde. Numa entrevista ao jornal inglês The Guardian, o diretor do Centro de Estudos alternativos de Belgrado, Milan Nikolic, afirmou, em 2003, que o regime Milosevic incentivou uma música que destruiu o bom-gosto e relevou o primitivismo estético. Pior, o glamour, a facilidade estética, pegou em cheio uma juventude que perdeu a crença nos políticos, nos valores morais de uma sociedade dominada pela máfia, que, por sua vez, dominava o governo.
Aqui o que se autodenomina 'forró estilizado' continua de vento em popa. Tomou o lugar do forró autêntico nos principais arraiais juninos do Nordeste. Sem falso moralismo, nem elitismo, um fenômeno lamentável, e merecedor de maior atenção. Quando um vocalista de uma banda de música popular, em plena praça pública, de uma grande cidade, com presença de autoridades competentes (e suas respectivas patroas) pergunta se tem 'rapariga na platéia', alguma coisa está fora de ordem. Quando canta uma canção (canção?!!!) que tem como tema uma transa de uma moça com dois rapazes (ao mesmo tempo), e o refrão é: 'É vou dá-lhe de cano de ferro/e toma cano de ferro!', alguma coisa está muito doente. Sem esquecer que uma juventude cuja cabeça é feita por tal tipo de música é a que vai tomar as rédeas do poder daqui a alguns poucos anos.
Ariano Suassuna
Observação:
O secretário de cultura Ariano Suassuna foi bastante criticado, numa aula-espetáculo, no ano passado, por ter malhado uma música da Banda Calypso, que ele achava (deve continuar achando, claro) de mau gosto. Vai daí que mostraram a ele algumas letras das bandas de 'forró', e Ariano exclamou: 'Eita que é pior do que eu pensava'. Do que ele, e muito mais gente jamais imaginou.
11 comentários:
Marden arianno é um brasileiro singular. tem opiniões convictas sobre a cultural nacional popular.
concordo com ele. e olha que ele não disse tudo. mas até ali tá bom.
continuo seguindo teu blog.
bjs
ARIANNO SUMA. VC ESTÁ GAGÁ. E NÃO SABE O QUE É BOM. EU GOSTO É DE RAPARIGA E CACHAÇA E QUEM N GOSTAR FODA-SE. AMULHER BRASILEIRA SÓ QUER SABER DE FODA BOA. E EU TO AQUI P ISSO.
EU HOJE VOU BEBER CAIR E LEVANTAR. KKKKKKKKKKKKKKKKKKKK
OLHA SR. MANTEGA, ACABEI DE ACESSAR O BLOG DO MEU AMIGO RAMALHO E QUERO DIZER AO SR. QUE O SR. É UM BUNDÃO. E DOENTE AINDA POR CIMA. ONDE JÁ SE VIU TRATAR A NÓS MULHGERES DESSA MANEIRA? A MULHER BRASILEIRA É BEM DECIDIDA SIM. MAS PARA TER PRAZER COM VERDADEIROS HOMENS. E PARA ALÉM DISSO, TRATA-SE SIM DE UMS DESCONSTRUÇÃO DAS NOSSAS MULHERES E DE NOSSA CULTURA.
VÁ O SENHOR PARA A PAUTA QUE PARIU. E SUMA.
MARDEN QUERIDO, ATÉ MAIS E FICA COM DEUS.
ALICE MATOS
ARIANO VC FOI CERTEIRO. QUANDO É QUE TU VENS AO MARÁ DE NOVO?
MARDEN SÓ VC PARA TRAZER ISSO PRA GENTE. ALIÁS VC E O VINA.
ATÉ A PRÓXIMA
meus deus. quero então saber quem não gosta de chana e cachaça. só esse velho horrorozo e meia dúzia de intelectuais metidos como vc marden.
gosto do forró e sei que tem muita gente que gosta de calcinha preta, limão com mel, caviar copm rapadura e outros.
mnas é isso quero ver alguem me contestar na vida real.
Valeu Marden. Já estava na hora de botar esses cretinos e suas músicas imundas no lugar que merecem: na lata de lixo!!!
Gostar da presença feminina e de saborear uma deliciosa bebida alcólica não tem nenhuma relação com analfabetismo e ignorância musical e cultural.
Esses pobres diabos são enganados e usurpados nos seus espíritos e nos seus dinheiros por esses espertalhões que ficam milionários e nem de forró gostam.
Saudações.
cristiano, o que o ariano levanta tem um sentido estratégico nacional. ele fala da formação de uma geração que está aí mas que logo logo vai estar à frente das decisões no País.
longe de qualquer tipo de fobia com relação ao que essa turma do mal prepara para ganhar dinheiro, não é essa a questão, amas o que está ´posto é a tentativa criminosa de atuar pela desconstrução, via cultura, de um ideário de brasilidade verdadeiro, que tome os nossos valores como elemnentos de formação de um espírito popular baseado no bem viver, na alegria, na distinção entre aquilo que serve para engrandecer as pessoas como seres humanos livres e com forte capacidade de distinguir aquilo que nos faz mal.
o forró é uma coisa nacional. mas o que esse 'bando' faz é um crime que se propõe abertamente desenganar a nossa capacidade de construir coisas nacionais e populares com qualidade.
forte abraço
caro antonio luis bezerra,
até gosto de forró. meu pai, João Ramalho, paraibano de conceição do piancó, me ajudou de certa maneira, a me encontrar com o tal estilo musical. bem popular é bem verdade e gostoso até de ouvir. mas me refiro ao forró e não a isso que existe aí hoje. alguns especialistas em forró em são luís, amigos meus, os jornalistas marcial lima e raimundo filho e outros, desconhecem essa trupe de 'forrozeiros' cearences. na última do rancho foi uma louvação oa verdadeiro forró. não sei se o sr. compareceu. mas em 2010 deve ter uma nova edição e o convido a dar uma passada por lá.
dance, beba, f... e depois me diga se o que ariano eu e tantos outros falam se não é verdade.
continue participando do blog. n o cortarei em sua opinião mas publico-a aqui para que o espaço seja um espaço também de e para debates.
'mantega no biloto', vai te lascar.
Caro Marden.
Foi exatamente o que disse... Essa turma que desvirtuam, distorcem e pasteurizam o tradicional forró, cultura popular legítima e nacional, não gostam do verdadeiro forró.
Tanto é que essas "músicas" em nada se diferenciam do "sertanejo pop" ou da "axé music". Tem hora que nem sabemos o que está sendo tocado.
Algumas das mais belas músicas populares que conheço são forrós.
Saudações.
Tô com o Ariano e não abro!
Mas o culpado desta "descultura brasileira" não são os dançarinos, os cantores ou os compositores. Reitero: se ninguém comprasse produto de roubo, os ladrões mudariam de ramo. Analogamente: se o povão se sentisse ofendido com tanta esculhambação e boicotasse os cds, dvds, shows e certas "manifestações culturais", certos "empresários" mudariam de ramo, pois não se investe em produto que não dá retorno. O povão gosta de esculhambação...Esculhambação vende.
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