28 de setembro de 2011
Ação dos governos a favor dos bancos agravou crise no 1º Mundo
Desde 2008, quando a crise econômica ganhou corpo nos EUA, os governos das potências ocidentais derramaram trilhões de dólares e euros na economia com o declarado propósito de resgatar o sistema financeiro. Mas este tipo de intervenção agravou os problemas em vez de resolvê-los, segundo o presidente do Banco Central (BC) do Brasil, Alexandre Tombini.
Tombini avalia que as respostas governamentais à crise de 2008-2009 criaram um círculo vicioso nas economias maduras. Ao dar um socorro de liquidez sem precedentes aos sistemas financeiros, os governos dos países desenvolvidos viram crescer sua dívida como proporção do Produto Interno Bruto (PIB), afetando negativamente a percepção dos mercados em relação aos riscos dos títulos de dívida soberana. A perda de valor desses papéis, por sua vez, gerou o risco financeiro que agora está afetando as perspectivas de crescimento econômico nesses países.
Perdas de US$ 10 trilhões
A intervenção dos governos precipitou a explosão dos déficits e a crise da dívida tanto na Europa quanto nos EUA. Os programas de ajuste fiscal implantados na sequencia reduziram o espaço para medidas fiscais de estímulo à produção e, em contrapartida, contribuíram para a estagnação das atividades. Quanto mais lento for o crescimento, no entanto, mais lenta será a redução dessas dívidas como proporção do PIB, configurando o círculo vicioso.
A percepção de piora da economia real tem realimentado a desconfiança em relação aos títulos soberanos, fechando o círculo vicioso. As bolsas já acumulam prejuízos equivalentes a 10 trilhões de dólares (mais de três PIBs brasileiros) nos últimos quatro meses. A avaliação de Tombini foi feita durante audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado.
Compromisso de classe
A opção preferencial pelos bancos feita pelos governos reflete e revela o caráter de classes do Estado capitalista e a subordinação das políticas econômicas aos interesses do capital financeiro. Se os governos tivessem optado por proteger o emprego dos trabalhadores, os desempregados, os imóveis dos trabalhadores, em vias de despejo, o resultado seria outro, pois o dinheiro público teria a virtude de recuperar a capacidade de consumo e a chamada demanda agregada, cuja contração é o principal obstáculo à recuperação econômica.
O desemprego, segundo a OIT, já atinge 200 milhões de pessoas e transformou-se de efeito em causa da crise. Nas 20 economias consideradas mais desenvolvidas o total de desocupados ultrapassa 40 milhões. Trata-se do mais grave problema para a sociedade e também para a economia. Não se pode pretender superar a crise sem resolvê-lo. A solução passa por iniciativas orientadas para a valorização da classe trabalhadora e da produção.
A saída é política, conforme notou o ex-presidente Lula. É preciso que representantes da classe trabalhadora tomem as rédeas e as políticas econômicas reflitam seus interesses. Os governantes passaram “muito tempo acreditando no mercado e deixaram de discutir política. Debatam sobre política, porque esta é a saída para a crise”, conclamou.
Da Redação do www.vermelho.org.br, com agências
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