23 de julho de 2009

Do Vermelho: 'Copom, ainda lerdo e ortodoxo, corta só 0,5 ponto nos juros'


O Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) fez um quinto corte na taxa de juros Selic nesta quarta-feira (22), mas de apenas 0,5 ponto. A alternativa, adotada por unanimidade, foi a mais conservadora entre os três números citados na véspera pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que disse que não iria interferir.
O corte reduziu a Selic de 9,25% para 8,75% ao ano para os próximos 45 dias. A cifra é a menor da história da taxa básica de juros, adotada em 1986. Desde o início de 2009, sucessivos cortes, sob pressão da crise econômica e da recessão global, reduziram a Selic em cinco pontos percentuais.
Porém as definições do Compom sempre receberam críticas de atraso, morosidade e excessivo conservadorismo. Tanto os reprresentantes dos trabalhadores como os do capital produtivo já expressaram a opinião de que os juros básicos poderiam baixar para 7% anuais.
Desde janeiro, foram feitos três cortes de 1 ponto percentual e um de 1,5 ponto. A decisão confirma a previsão de vários economistas, embora uma parcela apostasse em um corte maior. A justificativa do comitê para a decisão anunciada hoje foi a seguinte:
"Tendo em vista as perspectivas para a inflação em relação à trajetória de metas, o Copom decidiu reduzir a taxa Selic para 8,75% ao ano, sem viés, por unanimidade. Levando em conta que a flexibilização da política monetária implementada desde janeiro tem efeitos defasados e cumulativos sobre a economia, o Comitê avalia, neste momento, que esse patamar de taxa básica de juros é consistente com um cenário inflacionário benigno, contribuindo para assegurar a convergência da inflação para a trajetória de metas ao longo do horizonte relevante, bem como para a recuperação não inflacionária da atividade econômica."
Na terça-feira, o presidente Lula defendera que o Copom tinha como reduzir os juros, mas deixando em aberto o tamanho do corte. "Do ponto de vista da sustentabilidade da economia brasileira, está se permitindo margem de manobra para fazer os cortes. Se vai ser 0,5%, se vai ser 1%, se vai ser 0,75%, são as pessoas que estão com as tabelas que vão decidir, e acho que certamente decidirão o que será melhor para o Brasil", disse Lula.
"Se eu tivesse que pedir, eu não pediria. Eu determinava. Mas eu não determinei porque temos uma cultura que está dando certo de que, embora não tenha nenhuma lei garantindo autonomia ao Banco Central, a relação entre nós permite que haja certa autonomia, e colhemos bons resultados até agora", disse ainda Lula, que desde 2003 mantém uma política de autonomia na prática do Banco Central.
Há quem acredite que, a despeito dos argumentos supostamente técnicos, a definição da taxa de juros leva em conta o fator 2010. Mesmo que o tema não tenha sido abordado expressamente no encontro que Lula teve nesta terça-feira com o presidente do BC, Henrique Meirelles, o acordo tácito seria maneirar os cortes durante a recessão de 2009 para exitar elevações da Selic durante o ano da sucessão presidencial.


Do Vermelho.org.br com Agências

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