14 de julho de 2009

Guerrilha do Araguaia: Grupo de Trabalho do Ministério da Defesa começa localização de corpos

O Grupo de Trabalho Tocantins composto por representantes do Governo do Estado do Pará, do Comando do Exército Brasileiro, Governo do Distrito Federal, antropólogos do Museu Emílio Goeldi, geólogos da Universidade de Brasília e observadores independentes, deu início na quarta-feira(08/07) o trabalho de localização dos corpos dos participantes do episódio conhecido como “Guerrilha do Araguaia”- uma série de ações de resistência ao regime militar organizada pelo PC do B, entre os anos de 1972 e 1975, ocorridas em localidades próximas ao rio Araguaia, na divisa entre os atuais estados do Pará, Maranhão e Tocantins (então, ainda parte do estado de Goiás), onde pelo menos 58 militantes do partido desapareceram e seus corpos nunca forma encontrados.
Criado pelo Ministério da Defesa por meio da Portaria nº 567 de 29 de abril de 2009 em cumprimento à sentença que determinou à União localizar os restos mortais de participantes do movimento ocorrido na década de 1970, o GT Tocantins, tem como finalidade coordenar e executar, conforme padrões de metodologia científica adequada, as atividades necessárias para a localização, recolhimento e identificação dos corpos dos guerrilheiros e militares envolvidos na Guerrilha considerando a limitação dos resultados alcançados nas expedições realizadas anteriormente.
Sob o comando do General Mário Lúcio Araújo, responsável pela logística da expedição de buscas dos corpos dos guerrilheiros, o grupo iniciou os trabalhos na quarta-feira(08) tendo como ponto de partida a extinta Base Militar da Casa Azul, um complexo de 17 mil metros quadrados em Marabá, atual sede do DNIT(Departamento Nacional de Infra-Estrutura Terrestre) que na época funcionou como centro de operações das forças armadas que combateram a Guerrilha e que, segundo provas testemunhais, local onde também funcionara uma câmara de tortura.
Em seguida foram visitados os quatro cemitérios de Marabá sendo o da Folha 29 um dos que consta nos arquivos no Ministério da Defesa como possível local onde também estariam enterrados alguns dos corpos.
Na quinta-feira(09) a expedição visitou a Base Militar do Cabo Rosa, um dos 14 pontos identificados pelo Ministério da Defesa. A cerca de dez quilômetros do centro de Marabá, a base é uma homenagem ao cabo Odylio Rosa, morto pelo grupo do guerrilheiro Osvaldo Orlando Costa, o “Osvaldão”, em maio de 1972. O GT mapeou uma área de selva da base de treinamento. Para se chegar ao local, o grupo fez uma caminhada de uma hora e meia na floresta.
Em reunião realizada no final da tarde (09) no QG da 23ª Brigada de Infantaria e Selva foi constatado que nenhum dos 14 pontos levantados preliminarmente pelo Ministério da Defesa e que serão vistoriados pelo GT abrangem os locais informados pelo Major Sebastião Curió no final de junho.
Nesse sentido, o Governo do Estado requereu que sejam incluídas as localidades de Saranzal, Somi Home e o Sítio Manezinho das Duas, pois “foram estes os locais que Curió informou em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo, no dia 21 de junho, como locais em que foram enterrados os corpos dos guerrilheiros”, afirmou Mario Hesketh, representante da Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos, que representa o Governo do Pará no Grupo Tocantins.
Na sexta-feira(10/07) a comitiva de trabalho do Grupo Tocantins seguiu para o KM 68 da rodovia Transamazônica com destino a localidade de Bacaba de onde, segundo testemunhas, partiram todas as operações de ataque as Forças Guerrilheiras que se concentravam na região dos atuais municípios de São Domingos do Araguaia e Palestina do Pará. No local foi realizada uma inspeção com o intuito de localizar uma pista de pouso onde, segundo relatos da época, estariam enterrados três corpos de guerrilheiros.
Os trabalhos prosseguem até a próxima quarta-feira(15/07) visitando mais 4 pontos identificados como possíveis cemitérios de guerrilheiros quando então haverá um intervalo de seis dias para a elaboração dos primeiros relatórios.
As ações serão retomadas no dia 21, desta vez, tendo com base de operações a cidade de Xambioá, local onde se localiza um dos principais pontos definidos para a execução dos trabalhos, a Serra das Andorinhas.
Passada essa fase de levantamento, em agosto serão iniciadas as escavações com o objetivo de procurar ossadas de desaparecidos da Guerrilha. Em novembro, a última fase, que será dedicada as análises e identificações das ossadas encontradas.

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