3 de agosto de 2009

Entrevista com Flávio Dino no Diário da Manhã


Diário da Manhã – O Sr. disse, em seu blog, que não entra em campanha contra a corrupção genérica. O que vem a ser isso?

Flávio Dino – São campanhas falsamente moralistas, inspiradas no velho udenismo, que surgem de tempos em tempos para que objetivos partidários sejam atendidos. Por exemplo, não concordo com as generalizações contra os políticos, que acabam resultando numa aversão à política de um modo geral. Isso só interessa a quem não quer mudar a política. Uma coisa é a punição dos maus políticos, absolutamente necessária, outra é a “criminalização” da política. Por isso reproduzi no meu blog o que considero uma boa agenda, concreta e factível, para enfrentamento da corrupção, com seriedade e espírito autenticamente republicano.

DM – Como o Sr. está observando a chamada crise no Senado?

FD – Tudo isso é profundamente lamentável, inclusive porque dificulta o funcionamento do Congresso Nacional. Leis importantes estão sendo deixadas de lado, com prejuízos para a sociedade. Espero que nessa retomada dos trabalhos legislativos, a partir de amanhã, os senadores encontrem uma solução, evidentemente com o prosseguimento das investigações necessárias.

DM – Em artigo nesta sexta-feira, na Folha de S. Paulo, o deputado Gabeira disse que passamos pela primeira onda: democratização, política econômica realista e generosa política social. E que deveríamos trazer ao debate uma segunda onda: a da transparência, que incluiria, entre outras coisas, o fim das campanhas apoiadas por fisiologistas. O que o Sr. acha da proposta?

FD – Concordo que avançamos muito nos itens apontados: democracia política, estabilidade econômica e a consolidação de políticas sociais. Mas, nacionalmente, também enxergo muitos avanços no que se refere à transparência na gestão do dinheiro público, com grande destaque para a atuação do Ministério Público, da Polícia e da CGU. Progressivamente os dados da movimentação do dinheiro público estão indo para a Internet. Sem dúvida precisamos aprimorar e estender mecanismos de controle social e participação popular. Mas não devemos colocar essa agenda na frente de outras, como a melhoria da distribuição de renda no Brasil, ainda profundamente injusta.

DM – Com o Governo Lula, grande parte dos Estados do Norte e do Nordeste saiu da condição de atraso econômico e social. O Maranhão não aproveitou e lá se vai mais uma década perdida, praticamente. Os políticos maranhenses não têm jeito?

FD – Realmente você tem razão, poderíamos ter avançado mais. Apenas para citar um exemplo, basta verificar a quantidade de casas construídas, muito abaixo do que seria possível, considerando as várias políticas disponíveis na Caixa. Isso geraria qualidade de vida e empregos. A política maranhense tem jeito sim, outros Estados já passaram por momentos ruins e conseguiram melhorar os indicadores sociais e implantar projetos de desenvolvimento. Não há mágica, é uma questão de querer fazer e saber fazer.

DM – Não se fala em outra coisa: Flávio Dino será candidato a governador em 2010. Já está decidido?

FD – Não está decidido ainda. Ser candidato a governador não é um projeto individual. Fico muito honrado com a lembrança e com a defesa que muitos têm feito do meu nome. Temos até o início de 2010 para decidir. Estou viajando muito e participando de reuniões para ouvir lideranças de vários segmentos. A principal característica de um bom político não é saber falar, é saber ouvir.

DM – Em recente passagem pela cidade de Caxias, o Sr. discursou como oposição ao grupo Sarney. Será esse o tom da campanha em 2010?

FD – Não disse nada de diferente do que disse na campanha municipal de 2008. O Maranhão precisa de renovação, de novos projetos, de novas lideranças. Esse discurso de que só tem dois lados na política maranhense tem cheiro de passado e não leva a mudanças reais. É um discurso conservador, portanto. O Maranhão precisa olhar para frente, para o futuro. Me posiciono com independência, dialogando com outras forças e buscando a formação de um bloco político que apresente um programa de mudanças, com alguns objetivos fundamentais: desenvolvimento econômico, distribuição de riqueza, melhoria dos nossos indicadores sociais, cumprimento das leis, boa aplicação do dinheiro público e participação popular.

DM – Como o Sr. tem acompanhado a administração da cidade de São Luís?

FD – Qual administração? Seis meses se passaram e nem o básico é feito: tapar os buracos e manter a cidade limpa. Na saúde permanece o caos. Não há transparência administrativa. O trânsito piora a cada dia, prejudicando sobretudo os mais pobres que passam horas presos em engarrafamentos. Nenhuma promessa sequer começou a ser cumprida: Bom Preço, fardamento gratuito, hospital do Angelim, computador de graça. Até os pés de carnaúba estão morrendo. Mas sou um otimista e tenho fé em Deus que a administração Castelo vai melhorar. Continuo à disposição para colaborar em favor da nossa cidade.

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