27 de novembro de 2010
Noite de sábado com poesia exposta
Foto:Vitória de Samotracia, deusa grega da vitória
Gesto inacabado de um canto de amor que chega
Eterno conflito entre contrários inabitáveis
Hoje estala no peito
Com inarredável existência viva
Atracado em porto de sol que escalda
Ofusca-me luz que banha palavras
Cúmplices de redemoinhos maiores
Nesse instante
Desconheço-os em suas totalidades
Alhures,
Alçá-los-ei como vela
E navegarei pelos arrabaldes do amor teu
Não quero encontrar pontos perdidos
Quero que o surdo cadencie o tempo comigo
Para que o amor dedilhe os versos que agora se entrelaçam
À diacronia sincrônica do canto que chega
Quero soprá-los
Como intempéries em rodopios e dialetos de querer
Pois, vejo-te assim, como imagem
Que anuncia a catarse do verbo
E o prenúncio da saudade do poeta pelo futuro
Desmonto nossos segredos incipientes
Caídos outrora no manto de chuvosa noite
Minha caneta agora é mastro de barco
Que nos levará
Ao centro do universo das possibilidades.
II
Ah, inacabado canto
Aproxima-te tanto
Que tuas portas escancaram-se
Para a chuva d’alvorada que chega
Chuva que dilacera a dúvida
E faz poeta repensar poemas
Que reinam em silencio
Nos desejos libertinos da ‘mundanagem’ literária
Sou elo vivo de um ser presente
Que salta à frente de tudo
E cinge-se a ti
E às tuas loucas conexões de amor
Dá-se o assim o poema
Num arco de infinitas e raras luminárias de palavras
Reclamo o encanto efusivo da mulher
Sôfrego, inquieto
E sutil como o sol
Em dia de poesia exposta
Ao cheiro que encharca o quarto
Cheiro teu
Cheiro meu
Cheiro nosso
Apago a luz
Inacabo o poema
Pois inacabado é o tempo
Marden Ramalho
Outubro de 1999
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2 comentários:
fala meu poeta.
beleza de poema.
queremos mais.
marden, que vc fala em rádio, redige e diagrama jornal, pesquisa, isso eu ja sabia. mas, poeta?
que beleeeezaaa!
na proxima feira do livro tu lanças um, lá. todos vão gostar.
que acha?
abraço
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