18 de dezembro de 2011
Beluzzo: A tarefa de Aldo Rebelo de colocar ordem no futebol
Sob a pele euclidiana do sertanejo forte de Viçosa das Alagoas, abriga-se um brasileiro apaixonado. E Aldo, antes de tudo, é um brasileiro apaixonado pelo Brasil. Essa paixão se anima e reanima no estudo e na leitura dos clássicos que examinaram a alma brasileira. Ele lê o Brasil com muitos olhos e com os olhos dos intérpretes de seus tempos. Aldo sabe que os intérpretes do Brasil são também "inventores" da brasilidade. Buscaram a singularidade de seu povo.
O povo e a nação, os afetos brasileiros de Aldo, se manifestam na linguagem, na música e no esporte. Torcedor ardoroso do Palmeiras, Aldo não descansa na reafirmação de sua palestrinidade brasileira, sempre acompanhada da exaltação da presença nacional de seu clube de coração. No ano passado, ele me telefonou de Viçosa, quase extasiado, para contar o que havia visto: um cortador de cana saía do canavial com a camisa do Palmeiras.
Os detratores cosmopolitas não podem entender sua defesa intransigente da língua portuguesa, em sua versão brasileira. Não entendem porque desconhecem o que o filósofo Jaques Derrida sabia: "A linguagem é o mais perigoso dos bens... ela foi entregue ao homem para que ele dê o testemunho de haver herdado o que ele é. A herança jamais é uma doação, mas uma tarefa".
Na faina de preservar a herança que tanto preza, Aldo, o ministro do Esporte, vai enfrentar a dura e perigosa tarefa de cavar um fosso entre a paixão nacional pelo jogo da bola e a sôfrega matilha que leva a bola para casa na hora do jogo.
* Luiz Gonzaga Beluzzo é economista
Artigo publicado na edição especial da Revista Época 100 – Os mais influentes de 2011
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