3 de dezembro de 2011

Poemas de sábado a tardinha

O tempo de todos
O tempo que se conta sempre É o que se viveu sem se enganar os sentidos O tempo que não se viveu É apenas um não tempo enganado por si só Não como aquele que se deixou morrer Ou ainda este que quase se deixa viver Sem força estremece diante do devir das coisas Desfraldadas do enigma e do serpenteio dialético da história Este tempo não existiu especificamente Ele compôs a totalidade enquanto tal Apenas como uma relação de possibilidades Embrenhada nas pás monossilábicas do moinho que se diz azul Exclama, tempo, insinua-te nas andanças da vida Enquanto possibilidade relacional e vivência helicoidal O tempo, sim, é aquele que se viveu Que se chorou e de alegria ou dor se modificou E enquanto tal deve ser contado Como em somas de múltiplas implicações Vida que de tempo se fez E se faz inapelavelmente No vento fractalizado do poeta Nunca se mata ou se cala o fio da faca intermitente Prenhe navega o homem em inarredável existência Como um não tempo que existe como o corte histórico do poema Devir de calefações revolucionárias A serem calculadas pelo próprio ser No tempo que é de todos Marden Ramalho

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