25 de janeiro de 2012
Igor Fuser, Doutor em Ciência Política, fala sobre 'a batalha da Síria'
O Plano estadunidense usa como disfarce os ideais democráticos da Primavera Árabe e uma falsa preocupação humanitária. Em pouco mais de uma década, a aliança imperialista liderada pelos Estados Unidos já invadiu três países do contexto geopolítico do Oriente Médio – o Afeganistão, o Iraque e a Líbia – e está a caminho de mais uma aventura militar. O alvo, agora, é a Síria.
Assim como na operação que culminou com a derrubada e assassinato de Kadafi, o plano estadunidense usa como disfarce os ideais democráticos da Primavera Árabe e uma falsa preocupação humanitária. O objetivo é claro: derrubar o governo de Bashir Assad e impor, no seu lugar, um regime alinhado aos interesses dos EUA e de Israel.
Para entender o que está em jogo na Síria, é necessário enxergar além da campanha midiática que apresenta a situação, de forma distorcida, como um embate entre manifestantes pacíficos e um Estado brutal. Os primeiros protestos, de fato, expressavam um genuíno anseio de liberdade. Esse movimento logo se esgotou – em parte, devido à repressão, mas também pelo apoio indiscutível de grande parte da população ao regime de Assad.
Na fase presente, as autoridades se defrontam com grupos armados que já mataram centenas de pessoas – soldados, policiais e civis. Esses opositores, que recebem dinheiro, armas e treinamento do exterior, recusaram a proposta do governo de negociar uma abertura política.
O verdadeiro motivo da campanha estadunidense contra a Síria não são os defeitos do regime lá existente e sim a firme atitude dos seus governantes em oposição aos planos ocidentais de domínio do Oriente Médio. O governo de Damasco é peça essencial de um eixo antiimperialista que inclui o Irã, a resistência palestina e os nacionalistas libaneses do Hizbollah. Sua deposição, no atual contexto, fortaleceria o expansionismo de Israel e as monarquias feudais do Golfo Pérsico.
Os progressistas do mundo inteiro devem afastar qualquer ilusão de que forças democráticas ou antiimperialistas chegarão ao poder em Damasco de carona nos bombardeios da Otan. A geopolítica global é um jogo pesado, sem lugar para a ingenuidade.
*Igor Fuser é jornalista e doutor em Ciência Política pela Uiversidade de São Paulo.
Fonte: Brasil de Fato
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Um comentário:
O império estadunidense aceita apenas eleições de regimes passivos, brandos, inócuos, inermes, fantoches, subservientes, favoráveis e sequazes dos EUA. Ademais, o governo eleito pelos povos das nações do mundo livre que não aceitam se sujeitarem aos caprichos do imperialismo estadunidense, serão sempre rotulados ou assacados de totalitário, tirânico, ditadura e inimigos.
O império dos EUA, apoia apenas estados párias e títeres para que fiquem realizando política de desestabilização, discórdia e desentendimentos regionais ou atos subversivos violentos e intimidadores a serviço do insidioso sistema imperial estadunidense.
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