15 de janeiro de 2012

Poema de Domingo: A Ponte

A Ponte Olho a ponte e passo. Outra vez, num sobressalto, paro, retorno. Por ali passam sempre pessoas Com destinos que nunca se param. Os carros desmantelam o sossego pueril. ‘Parlapatices’ e chamados dissonantes. Pela ponte passam passaredos de felicidade, Revoada de pássaros apressados. Palavras que se inconcluem mutuamente, Com carradas de outras coisas reveladas. Ponte de homens e ferramentas de trabalho, Dirigindo automóveis que se atrasam. Na ponte de outras labaredas, O tempo vira velocidade ímpar, Atua como linha divisória pura. Faz ontem e hoje ficarem modernos. Na velha e nova cidade, Uma só ontologia de buscas e verdades. Tem uma ponte que passa sobre a ponte, Agora transpassada em axioma de séculos. É a ponte que passa por ali, Insuspeita no caminho a prospectar. No fim de tarde, amanheço. O sol desponta ali, perto da imagética no horizonte, Como estrada de extremidades amarelas Que passa por baixo do vão da ponte Cega pelo olhar de sol do mar dadivoso, Que também perpassa toda a fonte. Acordam cedo, tarde, a tempo. A toda hora muitos passam pela ponte. Marden Ramalho 2004

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