Poema do navio
Quantos operários existem naquele navio
Acordados na vigília a estibordo
Inúmeros sonhos atracados nos calados do Itaqui
Depósitos de valiosa matéria prima de sonhos.
Que se podem agora levar adiante
Pelas vidas que ali se fazem no trabalho
Os barquinhos cruzam e se cruzam na baía
Carregam mulheres e outras alegrias inflamáveis
Alívio das agruras circunstanciais dos homens
Nos ventos frios e no sal do mar que seca o verso
O sol, a rondar o dia e abrir incompletudes,
Buscou em desnivelado frenesi, solicitudes
Na primeira linha de soldados imaginários, cerca-se
Guarnecendo a imensidão branca do areal
De repente, uma canoa
Uma ‘biana’ à vela
Sobe o rio sem conversar
Uma lamparina forte acesa
Só o papel subversivo dá o alarme
Uma idéia incendeia a noite
E só o que está para além do navio interessa ao homem
Que só tem a chorar o fim do próximo dia.
Vou me tornar um operário poema, afinal.
Marden Ramalho
17 de Novembro de 2005
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