5 de março de 2012

Cachoeira Grande mantém alunos em taperas, com fome e água insalubre


Trabalhadores em Educação de Cachoeira Grande, município localizado a 98 km de São Luís (MA), estão inconformados com as condições precárias da educação na área rural da cidade e fazem várias denúncias contra a gestão municipal. Eles protestam contra o descaso do prefeito Francivaldo Vasconcelos, na área educacional, e reivindicam vários direitos não cumpridos pelo gestor.

Entre as reivindicações elencadas pelo Núcleo do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Maranhão (Sinproesemma), na região, destacam-se a devida distribuição e aplicação dos recursos do Fundo destinado à educação brasileira, o Fundeb; a construção de escolas com infraestrutura digna para os alunos, que atualmente freqüentam aulas, na zona rural, em taperas (casesbres em ruínas); e a valorização dos funcionários das escolas, que chegam a receber a quantia irrisória de R$150,00, por mês, menos que um quarto do valor do salário mínimo atual.



“Queremos saber onde estão sendo aplicados os recursos da educação”, questiona o coordenador do núcleo do Sinproesemma em Cachoeira Grande, Cleomar Gomes. Segundo ele, só em 2011, o município recebeu R$5.729.712,09, correspondentes aos repasses do Fundeb. “No entanto, o que se observa é um abando por parte da prefeitura. As escolas da nossa cidade, principalmente da zona rural, não apresentam condições físicas adequadas”, afirma.


No povoado de Estiva do Nazário, os professores e alunos dividem o ambiente escolar com uma mesa de sinuca, o que configura um local inadequado para cumprir os objetivos pedagógicos da escola. Na localidade conhecida como Sete Sangria, uma cacimba, espécie de poço artesanal, de águas rasas, a céu aberto, sem as mínimas condições de higiene, serve como fonte de água para o único filtro de barro da escola.



Trabalho escravo


“Os salários pagos aos profissionais não docentes contratados são humilhantes e retratam o tratamento dado à educação pelo gestor municipal”, denuncia Cleomar. Ele informa que uma zeladora recebe da prefeitura cerca de R$200,00, mensalmente, e as trabalhadoras que servem a merenda escolar recebem em torno de R$150,00 por mês. “Vamos levar este caso ao Ministério Público do Trabalho para solicitar que a Delegacia do Trabalho investigue o caso” Afirma o diretor de comunicação do Sinproesemma, Júlio Guterres.

Falta de transporte


As condições do transporte escolar também são precárias. Segundo os moradores, o ônibus alugado pela prefeitura oferece risco aos alunos. Recentemente, devido a um problema no freio, o veículo invadiu uma casa no município. O Diário Oficial do Estado, publicado em 29 de agosto de 2011, mostra que o valor mensal pago pelo ônibus é R$20.500,00.

Os atrasos no itinerário também são constantes. Os professores do município argumentam que muitos alunos moram a muitos quilômetros da unidade de ensino e a demora do serviço de transporte compromete as aulas e a qualidade da educação. “A gente nem coloca falta nesses estudantes que moram longe da escola, pois nós entendemos as dificuldades deles”, conta o professor Cleomar.


Fome


Outro ponto que demonstra o descaso do prefeito com a educação do município é a falta de merenda escolar. Além das condições precárias do ambiente escolar, os alunos ainda assistem aulas com fome. O coordenador do núcleo do sindicato conta que as refeições não são oferecidas regulamente às crianças. “Muitos alunos ficam na escola com fome, pois são oriundos de famílias pobres e precisam do lanche”, relata.

Fonte: SINPROESEMMA

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