17 de março de 2012

Pastor Porto tem coluna aos sábados no Jornal Pequeno. Leia o primeiro artigo 'O Mundo e a Alma'

O MUNDO E A ALMA
Luís Carlos Porto*

Assuntos da alma são assuntos do outro mundo, dizem algumas pessoas. Falar dessas questões implica em pedir licença a todos os presentes. É bom parar o barulho, desligar a música e aquietar as crianças. Pensam outros ser necessário um nirvana emocional para captar os sinais do além, e assim, perceber a presença da alma no ambiente. Ainda tem aqueles que acham um grande desperdício de tempo tratar de algo tão abstrato, tão longe da realidade vivida no dia a dia “neste mundo de meu Deus”.


Um dia, no mundo real, histórico, verificável e mensurável Jesus Cristo disse o seguinte: “De que adianta ao homem ganhar o mundo todo e perder a sua alma?”. Ao afirmar isso ele queria dizer com muita clareza algumas coisas muito importantes.

Primeiro, a existência de duas dimensões da vida perfeitamente verificáveis: o mundo e a alma. O mundo, na perspectiva sociogeográfica, como o lugar da habitação dos homens, como o hábitat humano marcado pelas inúmeras formas de relacionamentos e contradições. Na perspectiva religiosa/espiritual, o mundo seria toda inclinação, toda motivação, todos os princípios, todos os valores e práticas incompatíveis com o estilo de vida vivenciado e ensinado por Jesus. A alma seria a dimensão da existência humana que não se limita ao tempo e espaço. Ao mesmo tempo em que tem a propriedade de tocar ou se relacionar com o divino, o sobrenatural, enfim, com o próprio Jesus Cristo. Daí a sua importância dentro desse “pacote” mais do que pacote, chamado ser humano. Ou seja, dentro do José, Jackson, Alberto, Roseana, Ricardo, Roberto, Reinaldo, Flavio, Clay etc.

Ganhar o mundo e perder a alma aponta também para o fato de ser plenamente aceitável um relacionamento saudável, positivo e propositivo entre essas duas realidades. Isso significa que a alma precisa em primeira instância cumprir o seu papel de se relacionar saudavelmente com Deus, depois, desafiar o mundo de meu Deus a experimentar os valores, princípios e métodos da jurisdição celestial. Sabe o que poderia acontecer na prática? As almas que estão neste mundo usariam temperos especiais para melhorar a vida dos habitantes deste mundo de meu Deus. E assim, os Sarney, os Castelos, os Cutrim, os Lagos, os Tavares, os Portos, os Madeiras, os Lobão, os Murad, os Rochas, os Bogéa etc; enfim, todas as almas encarnadas, sem exceção, serviriam ao seu próximo com mais respeito, amor, consideração e compromisso. Assim, haveria mais ética, mais trabalho, mais saúde, mais educação, segurança. Ou seja: um mundo com o tempero do céu!

Em último lugar, penso que “ganhar o mundo e perder a alma” pode estar nos revelando a terrível e perigosa inclinação da natureza humana, a inversão de valores e de prioridades tão marcantes no dia a dia de todos nós, a saber: a avidez descontrolada e destemperada que temos para conquistar os tesouros deste mundo, comprometendo perigosamente, e eternamente, a nossa alma. No campo da política isso significa ter prazer em corromper e ser corrompido a fim de ganhar alguns espaços de poder, de bens e de destaque neste mundo, do aqui e agora. Dizem que alguns vendem até a alma para satanás objetivando ganhar espaços no mundo. Esse mesmo satanás certa vez se apresentou para Jesus Cristo, e mostrando a ele toda a gloria do mundo, disse: “tudo isso te darei, se, prostrado, me adorares!”. Há muito tempo que o diabo é expert em oferecer o seu mundo em troca das almas das pessoas. Vender a alma para o diabo é o pior negocio da vida. Tem duplo e irreparável prejuízo: a perda eterna da alma e o agonizante sofrimento das pessoas que são abandonadas pelo caminho por aqueles, cuja missão era cuidar delas, porém, por ambição, fizeram o negócio errado, trocaram suas almas pelas riquezas iníquas deste mundo. Portanto, vale refletir: “de que adianta ao homem ganhar o mundo todo e perder a sua alma?”.

*Pastor da Igreja Presbiteriana do Brasil e vice-governador do Maranhão (2007-2009)

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