“O Maranhão precisa mudar. (...) Quem era amigo de Décio está aqui. Depois de 50 anos de oligarquia não conseguimos ter garantia mínima de segurança no Maranhão.” Foi esse o tom dado pela professora Vilanir Sá, irmã do jornalista Décio Sá, em discurso aos presentes na ‘Caminhada por Justiça e Paz’, no Dia do Trabalho, na Litorânea.
Uma plateia ampla e atenta, composta por pouco mais de 600 pessoas, ouviu da professora o que muitos ali jamais imaginariam ouvir num momento daqueles. Mas ouviram. E aqueles em que a carapuça coube engoliram a seco o que disse a professora, rachando a cabeça numa ‘lua de sol’ de meio dia.
Na caminhada, familiares, amigos de Décio e de outras vítimas de pistolagem, jornalistas, radialistas, blogueiros, políticos e curiosos irmanados por solidariedade. Todos ainda estarrecidos, muitos em choque, outros já procurando seguir sua rotina de vida normal após tudo o que aconteceu, sobretudo o assassinato do Jornalista Décio Sá.
A ‘professorinha’, no auge da sua experiência de 26 em sala de aula e atuando na Secretaria de Educação com alunos da Educação especial, rasgou o verbo. E foi bem entendida.
Quem lá estava e sentiu o retorno daquelas palavras pode ver também semblantes e ainda ouvir vozes concordantes. E o detalhe é que foi em ampla maioria aqueles que reagiram positivamente à fala da professora Vilanir.
A irmã de Décio Sá mandou um recado à governadora por meio dos familiares e não escondeu de ninguém a cobrança pública feita à governadora. Além de não ter comparecido ao velório, nem ao enterro, sequer à missa de 7º dia ou mesmo na caminhada, a governadora não veio a pública falar nada até o momento sobre todo o caso.
Assessores próximos afirmam que a governadora não estaria em pelna condição de saúde para no momento estar em aglomerações públicas, mas que o Estado estaria destinando todo o apoio necessário para a elucidação do crime.
Em seguida acabou a Caminhada com o locutor aos berros pedindo justiça e paz.
A reação veio em seguida, não da Governadora, mas do Secretário de Sáude, Ricardo Murad. Disse Ricardo em seu micro blog Facebook em tom inquisidor: “Vilanir Sá deveria dirigir sua revolta para aqueles que mesmo depois da morte de Décio continuam denegrindo sua imagem.”
Ricardo Murad no auge de sua ‘megalomania ariana’ emenda, bradando: “Muitos não conseguiam disfarçar o complexo que nutriam dele por ser negro, de origem humilde, jornalista competente que se firmou e entrou no seleto grupo de pessoas que fazem a diferença.”
Francamente!
Destemida, mas dessa vez em tom de conciliação, em entrevista ao radialista Alberto Leitão, na Rádio Capital AM, Vilanir disse claramente que “a voz dela (da governadora) é muito importante. Se ela disser alguma coisa no Rádio ou mesmo na TV, é importante.” Vilanir destaca que a governadora “precisa ter uma participação mais ativa, ter mais atitude, se mostrar mesmo.” para que vejam de verdade que a sociedade está unida no combate a todas as barbaridades trazidas pela violência.
E revelando ao mesmo tempo, que começa a se sentir sozinha, com “falta de apoio”, para fazer justiça ao irmão assassinado barbaramente, a professora e irmã do jornalista assassinado cobra uma vez mais a aparição pública da governadora buscando nela o apoio direto para a elucidação do crime e o reforço no combate à violência, aguçada no Maranhão nos últimos anos.
Hoje faz 10 dias do assassinato de Décio Sá sem nenhum avanço objetivo nas investigações.
A sociedade não deve baixar a guarda, caso contrário é o crime quem vai vencer essa guerra.
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