Elucidativo, aborda a política de alianças do PCdoB, sobretudo quando o tema é PT, Brasil, Lula e Dilma.
Boa leitura.
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Walter Sorrentino, Secretário Nacional de Organização do PCdoB |
Repercutiu recente artigo neste blog, comentando decisão do PT na sucessão estadual do Maranhão. Vi reação sincera, ao lado da costumeira exploração da imprensa marrom, pescadores de águas turvas.
O PCdoB e o PT, desde a fundação deste, têm relações duradouras porque estratégicas: partilham um projeto em comum para o Brasil na atual etapa de luta para alcançar patamar civilizatório para a nação e o povo brasileiro. Como se sabe, depois do PT, o PCdoB foi o único a apoiar todas as candidaturas de Lula desde 1989, até a próxima vitória de Dilma em outubro
Hoje, isso se concretiza precisamente em reeleger Dilma Rousseff : esse é o centro da tática atual de ambos os partidos. O PCdoB diz que o país chegou a nova etapa que requer outros desenvolvimentos do projeto de desenvolvimento; o PT igualmente diz que é necessário um novo ciclo de mudanças depois da Grande Transformação realizada nestes doze anos. Os dois afirmam a necessidade de asseguarar a continuidade das atuais forças no governo para promover outras mudanças, centradas na realização de reformas democráticas estruturantes – a reforma política, a da regulação da mídia, a reforma agrária e urbana, a reforma tributária, da saúde e educação.
O PCdoB tem a reeleição de Dilma Rousseff como centro de seu projeto para se fortalecer com a eleição de governadores, senadores e deputados. Fortalecer o núcleo básico do que é a esquerda brasileira – PT e PCdoB – é importante para aglutinar um amplo bloco político e social de afinidade com um programa progressista e de esquerda e, ao mesmo tempo, nortear ampla coalizão de forças em torno desse programa.
No Maranhão, é mister alinhar o projeto do Estado com o do Brasil. É uma evidência meridiana que os amplos benefícios do desenvolvimento com inclusão social e direitos do povo não chegaram inteiramente ao bravo povo maranhense. Flávio Dino representa essa esperança, mais que qualquer outro candidato, dizem as pesquisas, e tem chances efetivas de vitória – em 2010 não foi ao segundo turno por 0,2% dos votos, no que corrijo artigo anterior imperfeitamente digitado. Nesse sentido, Maranhão é Brasil, e Brasil é Maranhão. Um frêmito democrático e progressista nesse sentido é muito presente país afora, o de abrir a etapa pós-sanerysista no Estado para essa brava gente.
Flávio Dino e o PCdoB buscaram estabelecer uma ampla união contra a oligarquia cinquentenária, a mais longeva do país, que tem representado um regime político de atraso para o desenvolvimento do Estado e progresso para o povo. O eixo histórico dessa união tem sido, nas diversas etapas percorridas, o PDT do valoroso brizolista Jackson Lago, o PT e o PCdoB, o PSB que criou condições para a derrota do sarneysismo com Jackson Lago e uma série de outras legendas que se somam agora para o anseio e possibilidade de vitória.
É justo e compreensível que Flávio Dino, encabeçando o projeto, numa disputa antioligárquica, receba apoios variados, amplos e difusos. Foi assim também nas eleições de Lula e mesmo na de Dilma atualmente. Mas Flávio e o PCdoB têm lado e representam um campo político claro: o PCdoB está com Dilma Rousseff nacionalmente, do Acre a Pernambuco, do Rio Grande do Sul ao Maranhão. Ninguém duvida disso, menos ainda a presidenta Dilma Rousseff.
O PT neste momento decidiu não perfilar esse caminho, que seria o lugar político natural dele. É uma opção cujas razões são essencialmente políticas e explícitas – não tanto eleitorais em beneficio de Dilma no Estado, diga-se -, em função de um aliado nacional. Isso já ocorrera em 2010, embora estivéssemos aliados na disputa à Prefeitura de São Luís em 2008, com um belo resultado para ambos. Sempre dissemos que Sarney no plano nacional não é o sarneysismo como regime oligárquico no Maranhão.
Afirmei no artigo que a posição do PT contraria o que me parece ser um sentimento dominante entre o eleitorado petista, já que Dilma tem cerca de 62% nas pesquisas no Estado e Flávio Dino tem recorrentemente 55%. Então, isso é uma evidência, até o momento. Talvez tenha me expressado mal ao dizer “petistas” em vez de “eleitorado petista”. Os resultados eleitorais vão comprovar ou não essa assertiva.
O PCdoB errou politicamente, e o reconheceu, quando na década dos 1990 participou do anterior governo Roseana Sarney. É importante aprender com os erros próprios e alheios, sobretudo entre as forças mais avançadas politicamente. O futuro dirá se a opção do PT foi a melhor.
Dilma-Flávio, Flávio-Dilma, são as melhores opções para o Maranhão e para o Brasil. Ambos temos enormes responsabilidades para com a nação e o povo brasileiro como um todo. A vitória de Flávio fortalece o projeto nacional e será bom até mesmo para o PT e o eleitorado petista maranhenses. É isso no que acredito pessoalmente.
Fonte: Blog do Walter Sorrentino
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