27 de novembro de 2013

Edvar Bonoto faria hoje 49 anos. A morte o levou antes

Edvar Bonoto, um intelectual nacional
Caso estivesse vivo o camarada Edvar Bonoto faria hoje 49 anos de existência.


No entanto, uma fatalidade estava no meio do caminho e interrompeu brilhante caminhada deste que foi um dos mais destacados quadros intelectuais da Partido Comunista do Brasil nessa quadra histórica.

Edvar Naceu em 27 de Novembro de 1964 e faleceu em 31 de Outubro de 2007.

Conheci Edvar em São Luís, por meio dos camaradas Cristiano Capovilla e Fábio Palácio.

Era 1997, numa das Reuniões da Sociedade Brasileira Para o Progresso da Ciência, SBPC, em São Luís.

E de lá em diante aprendi a admirá-lo ainda em vida e compartilhar de sua amizade.

Frequentou por algumas vezes meu apartamento onde moro hoje na COHAMA, que jocosamente apelidávamos de ‘aparelho‘ em função de reuniões que fazíamos do Organismo de Base do Partido quando militávamos na frente de juventude na Universidade.

Hoje, presto minhas homenagens a Edvar Bonnoto, um amigo.

Abaixo vídeo incrível onde Edvar fala no Centro de Documentação e Memória da Fundação Maurício Grabóis em 2001.




O Blog destaca a seguir texto do Jornalista e Editor da Revista Princípios, Adalberto Monteiro, que retrata trajetória desse gigante intelectual do socialismo científico brasileiro.

O secretário nacional de Formação do PCdoB, Adalberto Monteiro, faz um breve relato da biografia e das importantes contribuições que o camarada Edvar Bonotto deu ao Partido Comunista do Brasil e à luta pelo socialismo.


Edvar Bonotto: breve e intensa vida em prol do socialismo



Edvar ao fundo na 48ª SBPC em Sãop Paulo
Edvar Bonotto, na Universidade, obteve o título de doutor em Direito, fruto do seu fecundo labor intelectual. No PCdoB, seu partido, ganhou o carinho e o respeito, sendo um destacado quadro da equipe de trabalho do Comitê Central. Culto e simples, trabalhava muito e era refratário à ribalta. Na redação da revista Princípios, pouco se ouvia sua voz, mas era constante o rumor de seu cérebro trabalhando e a batida de seus dedos no teclado. Na revista, na Escola do Partido, no Instituto Maurício Grabois, dedicou-se intensamente para criar e fazer circular informações, idéias, conhecimento, teoria, ciência para alimentar o movimento transformador.


Filho de Mário Bonotto e Edith Anita Peruchi, descendentes de imigrantes italianos, Edvar Luiz Bonotto era o caçula de 9 irmãos. Nasceu em 27 de novembro de 1964, no município gaúcho de Serafina Corrreia,, mas sua infância e parte da juventude se passaram em Chapecó, principal município do oeste de Santa Catarina. A saga de sua família camponesa foi de muito trabalho e grandes dificuldades, mas ao final vitoriosa. Desde cedo, ele destacou-se nos estudos, sendo por várias vezes o primeiro da turma. Aos dezesseis, dezessete anos, já lecionava em escolas da região.


Em 1982, instala-se em Florianópolis para iniciar sua formação universitária. Na Federal de Santa Catarina, estuda Física, todavia sem concluir o curso. Nesse período, com cerca de vinte anos se torna um ativista do movimento estudantil e se filia ao Partido Comunista do Brasil, PCdoB. Sua origem humilde, seu próprio testemunho da fibra e do sofrimento dos pobres do campo, seu encanto pela ciência, o levaram a abraçar a bandeira do socialismo.


Edvar ministrando Curso pelo IMG
Em 1983, volta para Chapecó, trazendo na bagagem livros marxistas e documentos e jornais do Partido. Tinha uma missão a cumprir: fundar o Partido na região. A tarefa foi realizada com êxito e entusiasmo. Junto com seus companheiros e companheiras, fortalece o movimento estudantil universitário e secundarista da cidade. É eleito presidente do Diretório Central dos Estudantes, da Fundest, hoje, Universidade de Chapecó, matriculado no curso de Pedagogia. Um barracão nos fundos da casa dos pais é transformado na sede oficiosa do Partido. A família Bonotto, a começar do seu pai e de sua mãe, lhe dá apoio e cobertura. Jovens lá se reuniam para estudar, debater teoria e traçar os planos de ação política. Aqui, já aparece a marca da militância de Edvar: estudo e ação, ciência e revolução.


Em Chapecó, a tarefa é cumprida. A terra recebeu bem a semeadura e o Partido cresceu com solidez. (Atualmente, o PCdoB é forte no município, tem presença em vários setores da sociedade e no movimento social e tem dois vereadores na Câmara Municipal.)


Dever cumprido, em 1987 ele muda-se para a capital do Maranhão, São Luiz. Lá, gradua-se em Direito pela Universidade Federal. Tem intensa participação no movimento estudantil e ajuda a fortalecer o Partido. Nesse período, faz o Curso Panorâmico, de 30 dias, da Escola Nacional de Formação do PCdoB, em Brasília.


Nesse tempo, ele participa e ajuda a criar movimentos e entidades que viriam a se constituir no embrião da atuação do Partido junto à jovem intelectualidade e, em particular, aos pós-graduandos: Centro de Estudos Honestino Guimarães; movimentos de Jovens Cientistas na SBPC, e Associação Nacional de Pós-Graduandos, esta última em conjunto com o também saudoso José Augusto Mochel.


Em 1993, ele transfere-se para a cidade de São Paulo com objetivo dar seqüência aos seus planos de formação intelectual e acadêmica. Vincula-se de pronto à estrutura do Partido, atuando no distrital do Centro. Em 1996, conclui o mestrado em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, PUC/SP, com a dissertação: Lógica e dialética- Ensaio Exploratório em ideologia Jurídica.


O PCdoB era o partido de Edvar Bonoto
Em 1997, passa a integrar a Comissão Editorial da revista Princípios e assume a secretaria de redação dessa publicação teórica e política fundada e dirigida à época por João Amazonas e editada por Olival Freire. Atua, também, na Comissão Editorial do jornal A Classe Operária. Participa como organizador na publicação de vários livros, entre eles, Os desafios do Socialismo no Século XXI, de João Amazonas. Integrou, ainda, a comissão de redação da história do PCdoB. Em 1998, inicia o doutorado em Direito, também pela PUC-SP. Em 2003 obtém o título de doutor em Direito com a tese: A possibilidade de desenvolvimento do Estado nacional e os direitos fundamentais.


Desde 2002, Edvar era membro da Comissão de Formação e Propaganda do Comitê Central do PCdoB, nos anos anteriores fez parte da Comissão de Comunicação. Atualmente, ele exercia a seguintes funções: diretor Administrativo e Financeiro do Instituto Maurício Grabois; membro da Comissão Editorial e secretário de redação da revista Princípios e professor da Escola Nacional de Formação do PCdoB.


Sua vida curta impediu o seu florescimento por inteiro, todavia foi uma existência breve e intensa, com importantes contribuições à luta do povo brasileiro, à causa nacional e, sobretudo, ao PCdoB e ao socialismo, bandeiras abraçadas na juventude e às quais dedicou seu talento, sua inteligência, sua competência, sua vida.


Adalberto Monteiro
Presidente do Instituto Maurício Grabois e membro do
Secretariado do Partido Comunista do Brasil-PCdoB

Um comentário:

Thaís Campos disse...

Tive o prazer de realizar um pedido do Edvar na última visita dele a São Luis. Estávamos almoçando no mercado da Praia Grande e ele disse que queria muito comer torta de camarão com arroz de cuxá e suco de bacuri, algo muito simples, mas naquele jantar em nossa casa eu pude ver a satisfação e alegria no rosto dele, feliz, mas ao mesmo tempo triste. O jantar aconteceu em maio ou junho, e ele faleceu em outubro. Lembro com muito carinho dele, e o admirei muito principalmente pelo respeito que os amigos ainda tem por ele. Abraço Mardem!