Eis o artigo do Professor, Metalúrgico, Diretor Adjunto do Sindicatos dos Trabalhadores e Trabalhadoras da Educação, SINPROESEMMA, e também membro da Direção Estadual do PCdoB no Maranhão, Renato Artur Nascimento.
Uma análise do resultado eleitoral.
Agora que a poeira está assentando, quem venceu comemora e quem perdeu lamenta a derrota vamos pensar um pouco sobre os números que saíram das urnas, ou que não entraram. Sei que pode parecer estranho falar em votos que “não entraram”, mas a realidade é bem mais pesada. Vamos aos fatos.
Eleição disputada, apuração voto a voto, com decisão só no final da contagem com a vitória para um dos lados por míseros 0,08 % ou 4.877 votos, daqueles que são considerados válidos. Este resultado representa uma vitória? Sim. Mas o que quero questionar neste caso é o peso da omissão. Sempre que se aproxima o momento de uma eleição a discussão sobre a obrigatoriedade do voto vem a público. Alguns dizem não ser “democrático” impor a obrigação de votar. Outros preferem pensar neste dia como um feriado a mais no calendário, dia para viajar, comemorar ou esquecer-se da vida. E mesmo aqueles que dizem não que querem participar do processo eleitoral, que “político é tudo corrupto”, é “tudo igual”; assume, mesmo sem perceber, uma postura política que reforça a posição daqueles a quem eles culpam por tal situação.
Como assim? Perguntaria o (e)leitor que buscasse entender além do jogo de palavras. A eleição para governador no Maranhão é um ótimo exemplo do que representa a omissão e as conseqüências que trás consigo. Do resultado final, a atual governadora se reelegeu com 1.459.792 votos, 50,08 %; a oposição somada representa 1.454.915 votos, 49,92%. A diferença entre as duas votações é de 4877 votos. Os tais 0,08% representam verdadeiramente a expressão do cidadão maranhense? Difícil dizer isto sem pensar nos que se omitiram, seja pelos votos brancos e nulos, mas principalmente pelo elevado índice de abstenção. Estes somados revelam um número surpreendente para uma eleição que foi decidida por uma margem tão pequena. Será que 1.406.041 eleitores não teriam o que dizer diante deste quadro? Este número representa 35,25% do universo de eleitores maranhenses. Agora podemos pensar que 4.877 pessoas decidiram, a partir da omissão dos que não votaram, que certa candidatura seria vitoriosa.
Para quem questiona a obrigatoriedade do voto, alegando não estar satisfeito com a atual situação no estado e se omitiu não votando, parabéns, pois acaba de manter o quadro político que lhe desagrada. Pois este índice de abstenção é na verdade um candidato à parte, sem partido, mas que joga no colo dos mesmos que estão no poder a mais de 40 anos a vitória e o controle de um estado rico, em potencial, mas com uma população empobrecida. E infelizmente as pessoas que agem assim, talvez não saibam ou não reconheçam, que parte da responsabilidade pela situação de miséria em que se encontra o maranhense é reforçada por atitudes como esta. Podem até pensar em si mesmo como vanguarda, como pensadores livres, mas a única liberdade que eles concedem é a da exploração do povo pela mesma elite que está encastelada no poder a tanto tempo. Ao se omitir, entrega de olhos fechados o futuro de um povo sofrido.
Esta deveria ser uma análise conjuntural, um retrato do momento, mas a repetição eleição após eleição, dos altos índices de abstenção e uma crítica permanente sobre os políticos brasileiros, tratando de todos como “farinha do mesmo saco”, estimulados por uma mídia que não consegue ser positiva sobre as ações coerentes e honestas, não separando o joio do trigo. Neste momento o Maranhão perde duas vezes; ao não eleger um político íntegro como Flávio Dino, que desde a sua eleição como deputado federal em 2006, foi reconhecido pelo Congresso em Foco como um dos mais atuantes na Câmara, sendo apontado como uma das cabeças pensantes em Brasília e em segundo lugar, teremos que esperar por mais quatro anos pela possibilidade de redenção do estado. Espero que nas próximas eleições possamos discutir sobre o futuro e o que precisa ser construído e não sobre promessas vãs repetidas a cada quatro anos. E que o número de omissos diminua, na mesma proporção da participação efetiva na busca de uma cidadania plena.
Renato Artur, Diretor-adjunto de Imprensa do Sinproesemma
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