6 de junho de 2012

Opinião: 'A Teoria dos Três Campos e a superação da oligarquia decadente'

Escreveu outro dia o meu amigo Professor Cristiano Capovilla, Presidente da Fundação Maurício Grabóis, sobre certa “Teoria dos três Campos”. Uma obra prima.

Sobre o mesmo tema, trago aqui aos leitores uma opinião do Blog sobre dita teoria e suas relações com os liames da disputa política no Estado e em São Luís.

É um texto mais longo, é verdade, mas te convido ao exercício da paciência.

Boa leitura!


A Teoria dos Três Campos e a superação da oligarquia decadente

O PCdoB adiou para hoje a reunião da Comissão Política que decidirá o nome de quem deverá treceber o apoio mais efetivo no pleito de 2012 para prefeito de São Luís.

A decisão também é parte das táticas da oposição ao prefeito Castelo (PSDB) bem como à oligarquia decadente. Tudo dentro do processo de construção para as vitórias que se pressupõem em outubro de 2012 e em 2014.



Desde a decisão de José Reinaldo em compor com o Prefeito Castelo (PSDB), as instancias partidárias tem debatido internamente os rumos que o partido deve tomar agora em 2012, sobretudo após o movimento feito por Zé Reinaldo, de olho em 2014.

A história nos ensina que as análises política sobre o Maranhão nos últimos 47 anos tem sido feita com base na dualidade ‘ascensão e queda’ do grupo liderado pelo Senador José Sarney. O fracasso do modelo gestor proposto ao longo desses anos intensificou o debate.



Hoje, às portas do que se pode chamar de início do fim do ciclo oligárquico, esse tema merece de todos reflexão adequada sobre o momento atual para daí poder orientar melhor as lutas do povo e superar o atraso.

Os agrupamentos que se constituíram no espaço público do Maranhão durante as últimas 05 décadas tem se revezado hora na defesa, hora na crítica. No bojo desse debate tem-se a formação não de dois, mas de três campos políticos atuando no mundo e submundo da política do estado. Este quadro gera o que pode ser denominada de ‘Teoria dos Três Campos’.



A teoria já vem sendo levantada há algum tempo em busca de pistas para definir o caminho mais correto que conduza o povo à superação da linha de raciocínio de conteúdo oligárquico, atrasada, imposta por grupos oligárquicos do estado, que atuam com diversas matizes.

Essa concepção leva ao verdadeiro rompimento, que só pode ocorrer se for ‘de fundo’, sem ‘atalhos’, portanto, saindo dos liames oligárquicos.

A ‘teoria dos três campos’ afirma que os agrupamentos sociais e políticos existentes no estado tem se digladiado no debate sobre poder, política, gestão, cultura, desenvolvimento, atuando cada qual em seu campo, com base numa plataforma política e até de certa forma ideológica, vez por outra se compõem por motivos, circunstâncias e interesses de cada grupo ou campo.

Muitos caracterizam o início do fim do ciclo político comandado pelo grupo do senador José Sarney. Nesse sentido, surge naturalmente a questão: como construir uma alternativa de poder de fato livre não de uma oligarquia específica, mas, sim, das oligarquias? Outra: Quem irá liderar a saída alternativa à oligarquia decadente?

Com o fim do ciclo oligárquico, há de se buscar naturalmente a alternativa concreta de poder à oligarquia. E aqui não há lugar para tergiversações, ‘atalhos’ ou qualquer tipo de personalismos.

Em todas as suas análises históricas sobre o quadro político do estado o PCdoB, por exemplo, tem afirmado, inclusive em Documentos, a existência dos tais ‘três campos políticos’ aqui do Maranhão. Isso não é coincidência, mas sim uma constatação, por acreditar que o pano de fundo dessa Teoria é a própria luta pelo desenvolvimento do estado e de seu povo.



Como conceitua bem a teoria, o primeiro campo é liderado pelo Senador, Presidente do Congresso Nacional José Sarney, hoje Senador pelo Estado do Amapá, mas que mantém sob seu restrito controle a linha de sucessão política hegemonizado pela família. Agrupam-se em legendas como o PMDB, DEM, PSD, PV e PTB. Agora foi ampliado com a cooptação de parte da Direção do PT estadual. Tem grande atuação e influência nacional. Está enraizado na estrutura do Poder Executivo. No Judiciário haveria relação política entre a estrutura e o grupo, e no legislativo mantém maioria folgada na sua base de sustentação.

O segundo campo tem à frente setores políticos locais, alinhados com o posicionamento da direita neoliberal nacional, com forte oposição ao governo da Presidenta Dilma Rousseff. Em nível local compõem-se de fragmentos oligárquicos regionalizados que possuem posição conservadora muito clara diante de temas como economia, relações com os movimentos sociais, educação, saúde, segurança, meio-ambiente, a própria gestão da máquina pública.



Muitos vêm de setores que se separaram do grupo Sarney ao longo dos últimos 46 anos. O prefeito de São Luís, João Castelo, hoje no PSDB, é o grande representante desse campo. Aliás, atualmente São Luís é a única capital do País dirigida pelo PSDB. Não é atoa que a manutenção da capital do Maranhão sob a batuta do PSDB é objetivo da Direção Nacional do Partido. Sérgio Guerra, Aécio Neves e Cia devem desembarcar nos próximos dias para participar de convenções tucanas no estado, principalmente a de São Luís, pois como dito, a capital é ponto posição estratégia tucana para a disputa para a Presidência da República em 2014. Eles querem manter São Luís sob seu comando a qualquer custo.



Por fim, destaca-se a existência de um terceiro campo, o que o professor Capovilla chama de ‘terceira via’, composto por setores democráticos, populares, patrióticos e de esquerda, tendo como base, partidos como o PCdoB, PSB, PPS, PP, PDT, PRTB, PTC, os movimentos sociais e boa parte do PT. Nesse campo há uma sequencia de vitórias na capital que só foi quebrada com a vitória do tucano João Castelo (PSDB) em 2008, numa eleição marcada pela patifaria e canalhice de muitos que hoje já até abandonaram o barco tucano na capital.

As diferenciações normalmente tem ocorrido nesse grupo apenas em segundo turno de eleições, quando a opção deve ser feita exatamente entre as duas forças conservadoras do estado. É o terceiro que não se exclui. Se impõe.

Aí, a onça já bebeu água inúmeras vezes.



Em seu último documento estadual aprovado em 2011, o PCdoB diz: “Ao contrário da visão oligárquica, os setores democráticos e progressistas propõem um projeto de desenvolvimento estadual que equilibre os grandes projetos com os arranjos regionais produtivos, com valorização do trabalho e políticas públicas para o povo.”.





É assim que deverá caminhar o Maranhão, na estrada que levará à superação definitiva da oligarquia em suas múltiplas facetas. Longe aqui de ‘estreitezas’, ‘fratricismos’ e ‘messianismos’, a derrota do projeto de reeleição do prefeito João Castelo dá-se apenas nesse contexto e sentido.

Fora desse cenário é cair na cantiga de uma nota só das oligarquias conservadoras atuantes no estado nos últimos 47 anos, sempre ávidas e sedentas de poder.

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