O presidente sírio, Bashar al-Assad, ratificou nesta quarta (29) a decisão de seu governo de derrotar bandos armados apoiados pelo exterior, mas considerou que isso exigirá tempo.
A situação "no terreno é melhor, mas o fim não está ao alcance da mão e é necessário mais tempo", disse ele em uma entrevista transmitida pela televisão local.
O chefe de Estado sírio disse que seu país está lutando em uma "guerra regional e global, à qual podemos pôr um fim." Ele ressaltou que a situação atual no confronto contra os grupos armados de oposição é sintetizada "em que estamos a dar passos para a frente."
Assad desestimou a proposta da Turquia e de outras nações de criar dentro do país um ou vários campos para abrigar a população deslocada pelos intensos combates entre o Exército Árabe Sírio e os rebeldes, muitos deles de procedência estrangeira. Ele qualificou a iniciativa de irreal ao considerar que as autoridades turcas não têm conhecimento da realidade síria.
Falar de zonas de segurança não é uma opção que está sobre a mesa, e é "uma ideia não realista, mesmo para os Estados hostis e inimigos da Síria", disse ele.
Esta questão deve ser parte da agenda de uma reunião do Conselho de Segurança da ONU marcada para amanhã, em Nova York.
Em outro ponto da entrevista, o presidente sírio minimizou as deserções de funcionários nas últimas semanas, e disse que "os patriotas e as pessoas de bem não correm, não abandonam a pátria."
Segundo ele, essas ações são até positivas porque constituem uma "auto-limpeza do Estado, em primeiro lugar, e da nação em geral."
Enquanto isso, os soldados do exército sírio combatiam os rebeldes perto do aeroporto militar Taftanaz, localizado entre as cidades de Aleppo e Idleb, no noroeste da Síria. Explosões e tiros foram ouvidos nas proximidades do aeroporto, de onde decolam aviões e helicópteros para atacar os bem armados bandos irregulares.
Não Alinhados
Reunidos em Teerã, os chanceleres dos países Não Alinhados expressaram nesta quarta sua firme oposição a qualquer intervenção militar estrangeira na Síria. E assinalaram que a solução á crise deve ser pela via pacífica e negociada.
O movimento saudou a nomeação do argelino Lakhdar Brahimi como novo enviado espacial da ONU e da Liga Árabe para o país e valorizou os esforços de seua antecessor, Kofi Annan, em busca da paz.
Além de propor uma iniciativa de diálogo entre o governo do presidente Bashar Al-Assad e a oposição síria, o chanceler iraniano, Ali Akbar Salehi, impulsionou o debate para explorar maneiras de contribuir para uma solução negociada.
Salehi alertou aos participantes da reunião que a comunidade internacional espera e confia que o Movimento de Países Não Alinhados desempenhe um "papel ativo" nos eventos globais e trate de ajudar a restaurar a paz, a segurança e a verdadeira liberdade, assim como os direitos humanos no mundo.
Na troca de opiniões, o vice-ministro das Relações Exteriores do Egito, Ramzy Ezzedine Ramzy fez um discurso no qual ele afirmou que "o fim da interferência estrangeira nos países do mundo é um pré-requisito para o estabelecimento de uma paz duradoura global."
Ramzy, cujo país vai entregar ao Irã a presidência rotativa do movimento para os próximos três anos, expressou otimismo de que a República Islâmica vai fazer todos os esforços possíveis para cumprir as metas e objetivos do movimento fundado em Belgrado, em 1961.
Ele lembrou que o presidente egípcio, Mohamed Mursy, se opõe a qualquer intervenção militar estrangeira em solo sírio "de qualquer forma e espécie", e sublinhou que o seu país apoia a busca de uma solução pacífica para a disputa que já dura 17 meses.
"É hora de que todos entendam que a guerra não conquista estabilidade, porque a paz está baseada na justiça, e numa paz global para todos, sem um nenhuma parte ataque a outra", disse o líder islâmico, antes de viajar para a China e Irã.
Nesse sentido, o chanceler libanês, Adnan Mansour, descreveu nesta quarta (29) como uma "ação útil" um plano do presidente Mursy para formar um grupo de contato que atenda à crise síria.
Fonte: Redação do Vermelho com Prensa Latina
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