Flávio Dino: No rumo certo para os megaeventos
Caminhamos a passos largos para o sucesso da realização dos megaeventos que o país receberá nos próximos anos, indo da Copa das Confederações e Jornada Mundial da Juventude, ambas no próximo ano, até os Jogos Olímpicos e ParaOlímpicos no Rio de Janeiro em 2016, passando pela Copa do Mundo Fifa em 2014. No primeiro teste dessa série, a Rio+20, o Brasil passou com louvor.
O acerto no rumo dado pelo governo federal está comprovado pela “Pesquisa de Percepção do Brasil por Estrangeiros Durante a Rio+20”, que apresentei este mês em entrevista coletiva em Brasília. Mais de 80% dos estrangeiros que vieram para a Rio+20 avaliaram que o Brasil já está ou estará preparado para sediar os megaeventos. Melhor que isso: a visita ao Brasil alterou, para melhor, a imagem que 59% dos entrevistados tinham do país. E quase todos que vieram (97% dos estrangeiros) disseram que pretendem voltar ao Brasil – mantendo o alto índice de desejo de retorno do nosso país como destino turístico.
São fantásticos os desdobramentos que podemos prever para o turismo, a médio prazo, a partir desses números. Ao trazer novos estrangeiros para os megaeventos – apenas para os dias dos jogos da Copa do Mundo são previstos 600 mil – estamos atraindo um novo público, que também deve ter perspectivas de retorno.
De qualquer forma, o maior ganho com os megaeventos continua sendo intangível. Quantas notícias serão geradas por agências de notícias, TVs, ou pelas mídias sociais, com o nome do Brasil ou sobre o país antes, durante e depois dos megaeventos? É um número incalculável. Portanto, teremos uma chance única, em gerações e gerações de brasileiros, de exposição e, portanto, atualização da imagem do país no mundo. Uma chance que dificilmente voltaremos a ter nas próximas gerações.
Com essa megaexposição, vamos atualizar a imagem que o mundo tem do Brasil. A pesquisa feita com estrangeiros durante a Rio+20 mostra que essa aposta já começou a dar certo. Quando perguntados sobre a visita ao país, 68% disseram que a experiência correspondeu ou superou as expectativas. Mais, a imagem que tinham do país antes da visita – associada às “belas paisagens naturais” – é mantida, agora agregada da impressão de um país “que está se desenvolvendo”. Para que o noticiário e a impressão que os turistas tenham do Brasil se mantenham positivos, o governo federal vem investindo pesado para a Copa do Mundo 2014: R$ 11,1 bilhões dos R$ 27 bilhões previstos até 2014.
O resultado da pesquisa aponta outro acerto na estratégia dos megaeventos. Ao insistir para que a Copa do Mundo fosse realizada em 12 cidades-sede, o governo conseguiu contemplar todas as regiões do país, o que deve contribuir para a diversificação dos destinos brasileiros procurados pelo turista estrangeiro.
A pesquisa apontou que, além do Rio de Janeiro, apenas São Paulo e Brasília são razoavelmente conhecidos por quem foi à Rio+20. Segue sendo um desafio importante para a Embratur garantir que o turista estrangeiro que vier para os megaeventos visite outros municípios, além das 12 cidades-sede.
Na pesquisa, entre os pontos destacados como negativos por quem esteve na Rio+20 estão acesso à telefonia e internet, sinalização, e trânsito – este, considerado ruim e péssimo por 81% dos delegados e jornalistas participantes. Temos, portanto, de investir de fato em mobilidade urbana, uma questão central para governos federal, estaduais e municipais. Juntas, as três esferas da federação estão investindo R$ 12 bilhões apenas nas obras voltadas para a Copa – mais da metade desses recursos, com origem do governo federal.
No entanto, liderando as citações negativas na pesquisa da Rio+20, está a questão dos preços. Este é um assunto em que ainda é necessário muito diálogo entre governo e empresários para encontrar soluções inteligentes que reduzam custos dos hotéis, mas com repasse ao preço final pago pelo consumidor. Com o objetivo de criar uma referência prática para embasar o diálogo, criei, por portaria, a Pesquisa Internacional de Preços da Hotelaria (PPH), que fará o levantamento da média tarifária em hotéis de 10 cidades brasileiras e 10 estrangeiras. O objetivo é monitorar a competitividade do turismo brasileiro frente a outros mercados também no que se refere a preços.
Neste momento, é importante termos instrumentos que avaliem o trabalho realizado até hoje e qual direção devemos tomar para atender cada vez melhor o turista. O Brasil tem uma agenda positiva pela frente, que inclui a Copa do Mundo Fifa 2014 e os Jogos Olímpicos e ParaOlímpicos de 2012, e a imagem do país que ficará após esses eventos será um de nossos principais legados para o mundo.
Flávio Dino é presidente da Embratur
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