29 de julho de 2012

Poema de Domingo 'a Tardinha': ''Cotidiano dos raios de tempo"

Cotidiano dos raios de tempo

Hoje os raios da manhã
Correram por meus olhos mais cedo.

Sim, como num compromisso de existir aqui e olhar ali.
Cortaram imagéticos e perfumados o ar como em segredos acordados.

Estruturas poéticas autossuficientes
Que açodam a alma mais enrijecida.

Entrego-me aos anseios desmesurados do beijo da vida
Rebatido na paliçada do coração.

Reverbero todo o delicado realejo de tempo
Que faz luz do sol estalar na cortina dorminhoca.

A criança já brinca com os carrinhos de metal.
O tilintar do pilão esmagando alho ali perto.

E o fogo a cozer legumes frescos
Como o trabalho na cotidiana espera do tempo certo.
Leva a conta até o fim.
Apresenta amor em tudo que é teu.

E tudo ainda que esteja por vir
Não devastará minhas insígnias insurretas.

Muito menos dobrará meus enigmas empedernidos.
Pois sou sujeito de história e evolução de afirmações.

No poema,
Reafirma-se a presença do homem novo.

Em eterno descobrir-se enquanto dure
Busca do homem arrebata ensejos.

Aos que se permitem amar
Encrustados na barranca do rio que corre ali,

Rompe em vida profunda e sopra a correnteza de espumas.
Musicaliza os estiletes do amanhecer que cortam o tempo como ouro no quarto agora.

Envolve o espectro de luz na mais universal das manhãs
E afirma-se na resoluta justeza dos magníficos.

Revigora-te na presença do poema buscado no barro
Do novo dia que impõe agora.

Marden Ramalho
03 de Julho de 2012

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