Cotidiano dos raios de tempo
Hoje os raios da manhã
Correram por meus olhos mais cedo.
Sim, como num compromisso de existir aqui e olhar ali.
Cortaram imagéticos e perfumados o ar como em segredos acordados.
Estruturas poéticas autossuficientes
Que açodam a alma mais enrijecida.
Entrego-me aos anseios desmesurados do beijo da vida
Rebatido na paliçada do coração.
Reverbero todo o delicado realejo de tempo
Que faz luz do sol estalar na cortina dorminhoca.
A criança já brinca com os carrinhos de metal.
O tilintar do pilão esmagando alho ali perto.
E o fogo a cozer legumes frescos
Como o trabalho na cotidiana espera do tempo certo.
Leva a conta até o fim.
Apresenta amor em tudo que é teu.
E tudo ainda que esteja por vir
Não devastará minhas insígnias insurretas.
Muito menos dobrará meus enigmas empedernidos.
Pois sou sujeito de história e evolução de afirmações.
No poema,
Reafirma-se a presença do homem novo.
Em eterno descobrir-se enquanto dure
Busca do homem arrebata ensejos.
Aos que se permitem amar
Encrustados na barranca do rio que corre ali,
Rompe em vida profunda e sopra a correnteza de espumas.
Musicaliza os estiletes do amanhecer que cortam o tempo como ouro no quarto agora.
Envolve o espectro de luz na mais universal das manhãs
E afirma-se na resoluta justeza dos magníficos.
Revigora-te na presença do poema buscado no barro
Do novo dia que impõe agora.
Marden Ramalho
03 de Julho de 2012
Nenhum comentário:
Postar um comentário