21 de janeiro de 2014

Entrevista imperdível com Flávio Dino abordando propostas e conjuntura política no Maranhão

Flávio Dino afirma que conhece os caminhos para atrair recursos do governo federal para o Mar
anhão, o que conseqüentemente trará o desenvolvimento e a melhoria dos índices sociais do estado: “Vamos captar muitos recursos federais''.


Do jornal O Imparcial, por Diego Emir
Flávio Dino: "Vamos captar muitos recursos federais''
Pré-candidato ao governo, Flávio Dino vem despontando como o favorito até então, porém, ele não apenas surfa na onda favorável mas apresenta inúmeras propostas e demonstra ter conhecimento do que é necessário para colocar o Maranhão entre os estados mais ricos do país, assim como melhorar os índices sociais.

O presidente da Embratur conta que sua experiência ao longo dos últimos três anos em Brasília o ajudou muito para conhecer os caminhos que vão possibilitar a captação de recursos federais para o estado.

O Imparcial - Por que o senhor quer ser governador?

Flávio Dino - Para virar essa página da história maranhense. O nosso Estado é belo e tem muitas riquezas, mas, infelizmente, elas não chegam às casas dos maranhenses. Temos os piores indicadores sociais do Brasil. Isso significa injustiças, negação de direitos, sofrimentos, injustiças. O intenso noticiário negativo sobre o Maranhão, no Brasil e no mundo, demonstra que o atual ciclo de poder, que já dura 50 anos, está falido. Chega de notícias ruins e de um poder imperial que não respeita as leis nem as pessoas. O Maranhão precisa olhar para frente. Há caminhos para corrigir os erros e barbaridades que aí estão.

O que lhe faz acreditar na vitória?

Ofereço à população do nosso Estado uma vida profissional honesta, uma experiência nos três Poderes-Judiciário, Legislativo e Executivo - e uma história de luta por justiça social. Desde que comecei a participar de movimentos sociais, em 1983, quando tinha 15 anos de idade, sempre estive ao lado dos direitos dos mais pobres. No movimento Diálogos pelo Maranhão, temos conversado com a população sobre democracia, igualdade e desenvolvimento. Tenho fé de que é possível fazer um Maranhão mais justo e com mais igualdade, e por onde passo esse sentimento é muito forte. Me emociono muito ao ver tanta gente motivada, querendo ajudar, olhando nos meus olhos e dizendo palavras de confiança. Isso que me alimenta.

Qual será sua prioridade?

Governar com honestidade e trabalhar para que todos os maranhenses tenham acesso aos direitos garantidos na Constituição e nas leis, que hoje lhes são negados. Por exemplo, no lançamento de minha pré-candidatura pelo PCdoB, destaquei como prioridade o fornecimento de água nas casas do Maranhão. Hoje, metade da nossa população não tem água e banheiro em casa. Essa situação é inadmissível em um estado rico como o nosso. Há uma direta relação entre problemas como esses e os constantes casos de desvio do dinheiro público no Maranhão.

Educação, saúde e segurança. Quais são as suas propostas?

Nas três áreas quero destacar, em primeiro lugar, o papel dos servidores públicos. Sou servidor público há 25 anos, e sei que é rigorosamente essencial valorizar e motivar a classe. Se for a vontade de Deus e eu tiver a honra de governar o Maranhão, tenho certeza de que meus colegas servidores públicos serão grandes aliados na transformação do nosso Estado. Não há espaço para falar tudo, daí vou destacar somente alguns tópicos. Na educação, é necessário investir em ensino profissional e na ampliação das universidades. O Maranhão é muito grande, precisamos fortalecer a UEMA e ter universidades regionalizadas. Sem ciência e tecnologia é impossível desenvolver o Maranhão. Sobre Saúde Pública, vamos acabar com a terrível corrupção que se instalou no setor, abrir os hospitais que hoje estão fechados ou abandonados e investir na carreira dos profissionais de saúde. Precisamos de mais médicos, vamos formá-los aqui no Maranhão e eles terão uma carreira de estado, similar a dos juizes. Os agentes comunitários de saúde terão mais direitos e missões. Quanto à Segurança, vamos buscar novas formas de organização das forças de segurança, principalmente na integração entre os sistemas de inteligência e informação das polícias, do Ministério Público e do Judiciário. Além disso, vamos contratar mais policiais e reconhecer os seus direitos. Não entendo porque, em uma hora difícil como essa, o governo do Estado resolveu brigar com o Conselho Nacional de Justiça e com os juizes. Isso não pode dar certo.

O senhor pretende ampliar os programas sociais?

Hoje o Maranhão proporcionalmente é o estado com maior número de atendidos pelo Bolsa-Família e isso mostra o quanto esse programa é importante para os maranhenses. Mas é preciso que o governo do estado contribua no enfrentamento à pobreza, sobretudo gerando oportunidades de trabalho. Penso também muito especialmente nas ações relativas a idosos, crianças, jovens e pessoas com deficiência. São setores que precisam da solidariedade real de um governo presente, atento, cuidadoso.

O que fazer para que o estado atraia investidores?

Garantir o cumprimento das leis é um grande passo para atrair investidores. Quantos já deixaram de investir no Maranhão porque não queriam pagar propinas, taxas de extorsão etc? Além disso, o governo do Estado deve ter três grandes prioridades econômicas: 1) expandir o nosso mercado interno, pela consolidação de atividades econômicas já existentes - por exemplo a agropecuária familiar e empresarial; 2) garantir o acesso dos produtores do campo e da cidade à ciência e tecnologia; 3) ter uma política industrial inclusiva e democrática, que liberte o Maranhão da monotonia dos discursos baseados apenas nos "grandes projetos redentores". Essa nova política industrial deve visar ao adensamento das cadeias produtivas (grãos, pecuária, ferro e alumínio, cimento, óleos vegetais e produtos oriundos da biodiversidade, cerâmica vermelha e minérios brancos, entre outras). Em paralelo, precisamos implantar uma rede de Arranjos Produtivos Locais (APLs), que garantam geração de renda e mais oportunidades de trabalho. Cito como exemplos o mel, a farinha, as frutas, o pescado, o artesanato etc.

O que fazer para aumentar a arrecadação estadual?

As receitas próprias estão diretamente relacionadas ao crescimento de nossa economia. Além disso, vamos captar muitos recursos federais via transferências voluntárias, com a experiência que tive esses anos todos em Brasília. Essa é uma coisa muito importante: conhecer Brasília, saber os caminhos para conseguir recursos. Neste momento sou contra qualquer aumento de carga tributária para a sociedade.

Hoje se fala muito em parceria. Como o seu governo se comportaria?

Na Embratur atendi a todos os estados, independentemente de filiação partidária do secretário de turismo ou do governador. Quem apresentou bons projetos técnicos foi atendido. Esse é o certo: Vamos deixar para trás esse modelo de chantagem política com os recursos públicos estaduais e promover parcerias com os municípios de todo o Maranhão. É um escândalo que prefeitos sejam chantageados em secretarias do Governo, como muitos têm me relatado. Vou acabar com esse desrespeito contra os prefeitos. Além disso, é preciso conversar muito, respeitar os outros, entender que um governador não existe para ser servido e sim para servir.

A oposição vai rachar? Como manter os aliados ao seu lado?

Nós estamos em diálogo constante com todas as lideranças do estado que querem fazer parte desse projeto de mudança para o Maranhão. A minha pré-candidatura é uma das alternativas para superar o modelo oligárquico e há outras pessoas que também têm as suas pré-candidaturas. Estamos conversando e fazendo um convite para todos integrarmos uma mesma aliança. É o que chamamos de Partido do Maranhão. Em outros estados, como o Acre, diferentes forças políticas se uniram para derrotar o crime organizado, unindo do PT ao PSDB. Aqui no Maranhão, é possível unirmos forças para derrotar o modelo coronelista. Com calma a gente chega lá.

E uma aliança com Castelo, o senhor acredita que seus eleitores entenderiam?

As eleições municipais foram encerradas. Agora estamos tratando do destino do nosso Estado. O PSDB é um dos partidos que faz parte historicamente da oposição ao grupo Sarney e tem ótimos quadros. É muito importante ter o apoio do PSDB e de todas as suas lideranças, inclusive do ex-prefeito Castelo. Maior do que as nossas divergências do passado é a urgência de fazer um futuro melhor para o Maranhão. Todos aqueles que concordam com nosso programa de modernização e transformação são bem-vindos. Vamos fazer uma grande união com muitos partidos, movimentos sociais e, acima de tudo, com o nosso povo. Estou sereno, tranqüilo e com muita fé.

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