A queda na taxa de fecundidade leva a um crescimento mais lento da população, que chegará ao máximo de 205 milhões em 2030, mostram estudos do IPEA
Queda da população a partir de 2030 e bons índices de redução do desemprego no cenário internacional: estas duas constatações figuram nos Comunicados do Ipea 156 e 157, divulgados na semana passada. Eles trataram da demografia e do mercado de trabalho brasileiros usando os últimos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD).
Segundo a técnica de Planejamento e Pesquisa Ana Amélia Camarano, desde 2007 a taxa de fecundidade total do Brasil está abaixo dos níveis de reposição: 1,7 filho por mulher. A consequência disso é a desaceleração no crescimento da população brasileira, que poderá passar a encolher a partir de 2030.
A queda da taxa ocorreu em todas as faixas etárias. A taxa de fecundidade entre as adolescentes vem caindo desde 2000; em 1992 a taxa era de 91 filhos nascidos vivos por 1000 mulheres; em 2011, caiu para 51.
Em consequência dessa queda na taxa de fecundidade, a população brasileira deverá chegar a um máximo de 208 milhões em 2030, quando começará a diminuir; em 2040 a estimativa é que seja de 205 milhões. A tendência é um acelerado envelhecimento populacional.
Se confirmado, isso afetará o mercado de trabalho; a oferta de mão de obra chegaria a 156 milhões em 2030, caindo para 152 milhões em 2040 (pessoas com idade ativa).
Camarano destacou a queda da taxa nas regiões Norte (3,3 filhos por mulher em 1992 para 2,0 filhos em 2011) e Nordeste (3,6 filhos para 2,0). O Sul atingiu 1,6 filho, e o Sudeste 1,7. Isso mostra que a taxa nacional vem se tornando mais homogênea ao longo do tempo.
A pesquisadora também ressaltou o aumento da proporção de mulheres cônjuges que contribuem para a renda das suas famílias, passando de 39,1% para 66,3% entre 1992 e 2011. Já a população idosa cresceu: cerca de 23 milhões de brasileiros com mais de 60 anos em 2011.
Mercado de Trabalho
O técnico de Planejamento e Pesquisa do Ipea Miguel Foguel apresentou o estudo sobre o mercado de trabalho e considerou positivo o atual panorama atual no Brasil, citando como prova a queda na taxa de desemprego, que é sistemática desde 2005 (com uma discrepância em 2009 devido à crise mundial). No contexto internacional, o Brasil figurou entre os países que experimentaram maior queda da taxa de desemprego entre 2009 e 2011.
Foguel atentou para os índices de Taxa de Participação e de Ocupação, que mostram aumento da oferta de trabalho, mas em ritmo menor que o crescimento da população em idade ativa. O pesquisador também atentou para dois índices importantes: cresceu a quantidade de jovens que não trabalham, nem estudam (cerca de 3% de aumento), e também daqueles que só estudam (cerca de 4%).
Segundo o técnico do Ipea, diminuiu a proporção das ocupações que exigem baixa qualificação técnica e aumentou a escolarização dos trabalhadores: aproximadamente 49% têm pelo menos o ensino médio completo. O estudo traz, ainda, a evolução dos rendimentos de acordo com gênero e raça.
Fonte: IPEA
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